Diagnóstico de Hipotireoidismo em Obesos
Você está diagnosticando corretamente o hipotireoidismo em pacientes obesos? Geralmente, suspeitamos do diagnóstico de hipotireoidismo em pacientes que apresentam sintomas clínicos compatíveis com o quadro, como fadiga, pele seca, depressão, constipação, etc. No entanto, para confirmar o diagnóstico de forma precisa, é essencial a realização de testes laboratoriais que incluem a verificação do aumento do TSH e a queda do T4 livre (T4L). E é exatamente nesse ponto que muitos médicos acabam diagnosticando de forma inadequada o hipotireoidismo em pacientes obesos. Os hormônios da tireoide regulam os níveis basais do metabolismo, termogênese e desempenham um papel importante no metabolismo. Diante disso, pacientes obesos apresentam naturalmente uma série de mecanismos tireoidianos compensatórios que podem gerar algumas alterações laboratoriais que podem se confundir com o hipotireoidismo. Inicialmente, uma dessas alterações seria justificada pelo excesso da gordura gerar um aumento da deiodinase, a enzima responsável por converter T4 em T3. Isso ocorre como uma tentativa do corpo de neutralizar o acúmulo de gordura, aumentando o gasto de energia nesses pacientes. Associado a isso, os obesos naturalmente apresentam altos níveis de leptina. A principal ação da leptina é regular a ingestão alimentar, levando a uma diminuição do apetite e da ingestão de alimentos. No entanto, a leptina também demonstrou estimular centralmente a liberação de pró-tireotropina, o que acaba aumentando os níveis de TRH e por consequência, TSH. Com isso, o obeso apresenta naturalmente um aumento do TSH e uma queda do T4L. Essa alteração, se avaliada sem considerar a individualidade do paciente, poderia erroneamente sugerir ao médico a presença do hipotireoidismo, gerando um erro diagnóstico. Para fazer um diagnóstico mais assertivo, é fundamental compreender que aumentos discretos do TSH são esperados nessa população, devendo-se corrigir esses valores pelo IMC dos pacientes. Uma proposta desta correção se encontra na tabela abaixo: TABELA Como você pode ver, quanto maior o IMC, maior é o ponto de corte para ser considerado um aumento patológico, e não fisiológico. Agora que você chegou até aqui, conta para mim, você já conhecia essas alterações laboratoriais no paciente com obesidade? Compartilhe este post com aquele seu amigo que precisa saber disso. Referências: DOI: https://doi.org/10.47391/JPMA.22-92DOI: 10.4103/2230-8210.183454 TABELA: Valor do IMC Valores Normais de TSH < 20kg/m2 0.6 a 4.8µUI/mL 20 – 24.9kg/m2 0.6 a 5.5µUI/mL 25 – 29.9kg/m2 0.6 a 5.5µUI/mL 30-39.9kg/m2 0.5 a 5.9µUI/mL > 40kg/m2 0.7 a 7.5µUI/mL