Retorno ao Esporte Após Rabdomiólise: Guia Completo para uma Recuperação Segura

Olá, eu sou o Dr. Guilherme Adami, médico residente em Medicina Esportiva pelo HCFMUSP. Tenho ampla experiência no atendimento a atletas de diversas modalidades, incluindo esportes de alto rendimento.  Minha missão é ajudar atletas e praticantes de atividade física a superarem desafios relacionados à saúde e voltarem a performar no seu máximo potencial, sempre com segurança.

Se você passou por um episódio de rabdomiólise ou está buscando orientação para retornar ao esporte após uma lesão ou condição médica, agende uma consulta comigo. Juntos, podemos criar um plano personalizado, considerando seu histórico e metas esportivas.

Abaixo, explicarei um dos protocolos mais utilizados para o retorno ao esporte após a rabdomiólise. Este método progressivo tem como objetivo garantir uma recuperação completa, minimizando os riscos de recorrência e complicações. Vamos lá?

O que é Rabdomiólise e Como Ela Afeta os Atletas?

A rabdomiólise é uma condição caracterizada pela destruição das fibras musculares esqueléticas, resultando na liberação de substâncias intracelulares, como mioglobina, creatina quinase (CK) e outros metabólitos, na corrente sanguínea. Essa condição pode levar a complicações graves, como insuficiência renal, quando não tratada adequadamente. Embora possa ocorrer em diferentes contextos, a rabdomiólise de esforço é desencadeada por atividades físicas intensas ou excessivas, especialmente em atletas que excedem seus limites físicos.

Principais Causas e Fatores de Risco

Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da rabdomiólise, especialmente em atletas. Entre as principais causas estão:

  • Exercício físico extremo: Treinamentos intensos, em alta temperatura ou sem tempo adequado de recuperação.
  • Desidratação: A falta de hidratação adequada intensifica o risco de lesão muscular.
  • Uso de suplementos ou medicamentos: Alguns compostos como estatinas ou mesmo outras medicações, podem aumentar o risco.
  • Condições genéticas ou predisposições: Mitocondriopatias e outros  distúrbios metabólicos.

 

Quando Voltar ao Esporte Após um Episódio de Rabdomiólise?

Após um episódio de rabdomiólise, especialmente se foi necessário internamento hospitalar, é fundamental ter cautela antes de retornar ao esporte. Embora muitos atletas se sintam ansiosos para voltar à rotina de treinos e competições, o retorno imediato pode representar um grande risco de recaída, aumentando a chance de um novo episódio de rabdomiólise ou outras complicações graves, como insuficiência renal.

Após a alta hospitalar, o corpo ainda está se recuperando dos danos musculares e metabólicos causados pela condição. Retomar atividades intensas sem uma progressão adequada pode sobrecarregar os músculos já fragilizados e comprometer a recuperação completa. Por isso, o retorno ao esporte deve ser gradual, monitorado por profissionais especializados e baseado em protocolos seguros e cientificamente validados.

Abaixo, apresentarei um dos protocolos mais utilizados para o retorno ao esporte após a rabdomiólise. Ele foi desenvolvido para garantir uma recuperação segura e eficiente, ajudando o atleta a recuperar sua condição física e prevenir novos episódios. Vamos conferir?

Estratificação de Risco e Diretrizes para o Retorno ao Esporte Após Rabdomiólise

A decisão sobre quando e como retornar ao esporte após um episódio de rabdomiólise de esforço deve considerar a estratificação de risco do atleta, de acordo com fatores identificados no estudo. Essa avaliação ajuda a diferenciar aqueles que podem seguir protocolos padronizados dos que precisam de planos individualizados.

Indivíduos de Alto Risco: Critérios

Atletas são considerados de alto risco para novos episódios de rabdomiólise quando apresentam um ou mais dos seguintes fatores:

  • Recuperação retardada, com sintomas persistentes por mais de uma semana, mesmo com repouso.
  • Elevação persistente de CK (mais de 5 vezes o limite superior do normal) após pelo menos duas semanas de descanso.
  • Rabdomiólise acompanhada de lesão renal aguda.
  • Histórico pessoal ou familiar de miopatias, cãibras musculares recorrentes ou episódios significativos de rabdomiólise.
  • Presença de traço falciforme ou histórico familiar de anemia falciforme.
  • Histórico pessoal ou familiar de hipertermia maligna ou complicações inexplicadas após anestesia geral.

Indivíduos de Baixo Risco: Critérios

Para serem classificados como baixo risco, os atletas não devem apresentar nenhum dos critérios acima e devem atender a pelo menos um dos seguintes:

  • Recuperação clínica rápida com normalização da CK e da urina após restrições ao exercício.
  • Episódio de rabdomiólise associado a um evento isolado de exercício muito intenso.
  • Ausência de histórico pessoal ou familiar de miopatias, cãibras musculares recorrentes ou rabdomiólise significativa.
  • Episódios de rabdomiólise relacionados a uma sessão de treino em grupo, sugerindo fatores ambientais ou de treinamento.
  • Presença de doença viral ou infecciosa concomitante no momento do episódio.
  • Uso de suplementos ou medicamentos que possam ter contribuído para o quadro.

Diretrizes para o Retorno ao Esporte

  • Pacientes de alto risco devem ser avaliados de forma individualizada, com acompanhamento próximo de especialistas, como médicos do esporte, nefrologistas e outros profissionais, antes de qualquer tentativa de retorno. O planejamento deve levar em conta as particularidades clínicas e os fatores predisponentes.
  • Pacientes de baixo risco também devem ser acompanhados por médicos especialistas, entretanto, possuímos maior segurança em  seguir um protocolo progressivo de retorno ao esporte, conforme descrito nos estudos. 

No próximo tópico, explicarei o protocolo detalhado utilizado no estudo, com foco em como ele pode ser aplicado a atletas de baixo risco para garantir um retorno ao esporte seguro e eficiente.

Protocolo de Retorno a Prática Esportiva Após Rabdomiólise

O programa descrito para o retorno ao esporte após rabdomiólise de esforço foi dividido em quatro fases progressivas, conforme detalhado abaixo:

Fase I:

  • Duração: 2 semanas.
  • Objetivo: Retorno às atividades de vida diária.
  • Monitoramento:
    • Avaliação diária por treinadores atléticos para identificar dor muscular recorrente, estado de hidratação e características da urina.
    • Garantia de pelo menos 8 horas de sono ininterruptas por noite.
  • Critérios de progressão:
    • Níveis de creatina quinase (CK) menores que 5 vezes o normal (<1000 U/L).
    • Ausência de sintomas clínicos.
    • Exames laboratoriais dentro dos limites normais.

Fase II:

  • Duração: 5 dias de treinamento por semana.
  • Atividades:
    • Alongamento, aquecimento dinâmico, rolos de espuma e exercícios aeróbicos em ambiente aquático (como corrida em água rasa).
    • Introdução progressiva de ciclismo estacionário (a partir do quarto dia).
  • Critérios de progressão:
    • Níveis de CK ainda dentro do limite (<1000 U/L).
    • Ausência de sintomas durante as atividades.

Fase III:

  • Duração: 5 dias de treinamento por semana.
  • Atividades:
    • Introdução de movimentos no solo, como exercícios funcionais usando peso corporal e bola suíça.
    • Incremento gradual no tempo e intensidade no ciclismo estacionário.
    • Inclusão de treinamento de resistência com bandas elásticas.
  • Monitoramento:
    • Estado de hidratação, dor muscular e sinais de inchaço.

Fase IV:

  • Duração: 5 dias de treinamento por semana.
  • Atividades:
    • Início do treinamento de resistência com 20%–25% do peso máximo estimado.
    • Exercícios de agilidade e corrida (55 jardas em velocidades progressivas).
  • Monitoramento:
    • Supervisão direta pelo treinador de força e condicionamento.
    • Aumento gradual de intensidade.

Retorno Completo ao Esporte:

  • Após a conclusão da Fase IV, os atletas:
    • Continuaram fortalecendo com atividades de agilidade, desenvolvimento de velocidade e treinamento de resistência.
    • Passaram por reintegrações graduais durante treinos, começando com menos repetições e sem contato direto, até a participação completa em todas as atividades.

Se ocorrerem sintomas de rabdomiólise durante qualquer fase, o atleta deveria interromper as atividades e repetir a fase correspondente após resolução dos sintomas. Nenhum atleta do estudo apresentou recorrência dos sintomas.

Referências

DOI: 10.1177/1941738115617453

doi: 10.4085/1062-6050-51.5.12

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