Manter a perda de peso alcançada após um período de dieta hipocalórica é um dos grandes desafios de quem sofre de sobrepeso ou obesidade. É muito comum que após uma diminuição acentuada do percentual de gordura, ocorra um reganho muitas vezes até mesmo superior a queda inicial, situação popularmente chamada de efeito sanfona.
É fato que a melhor estratégia de diminuição e manutenção de peso é a utilização de uma dieta hipocalórica. Entretanto, na prática observamos que se manter nessa condição por longos períodos é um grande desafio para alguns pacientes!
Sabendo disso, Lunddrgren e sua equipe decidiram elaborar um ensaio clínico randomizado em um grupo de indivíduos obesos que passaram por um processo de grande redução de peso. Os pesquisadores selecionaram um grupo de 195 indivíduos que após 8 semanas de dieta hipocalórica haviam perdido em média 13,1 Kg. A partir disso, compararam algumas estratégias a fim de avaliar quais seriam as mais eficazes na manutenção desse peso ao longo de um ano.
Os pesquisadores dividiram os voluntários em 4 grupos: O primeiro grupo seria estimulado a realizar um programa de treinamentos de moderada intensidade em média 3x por semana. O segundo grupo utilizaria Liraglutida até a dose máxima de 3 mg por dia. O terceiro grupo, realizaria a combinação terapêutica de medicação e exercícios. Já o quarto grupo, seria submetido a medicação placebo sem intervenções adicionais. Vale ressaltar que todos os grupos foram submetidos a 12 consultas ao longo de um ano, onde foi fornecido suporte dietético.
Durante um ano de intervenção, os pesquisadores analisaram mensalmente uma série de fatores a fim de compreender quais ações haviam sido mais efetivas na manutenção do peso!
O grupo placebo, ou seja, que se manteve apenas com a dieta, teve um reganho médio de cerca de 6,1Kg ao longo de um ano, evidenciando a dificuldade da manutenção do peso em indivíduos que utilizam apenas a dieta como medida de manutenção do seu peso.
Os indivíduos que praticaram exercícios físicos após um ano apresentaram um reganho de 2Kg, entretanto, houve uma redução adicional de cerca de 1,8% de gordura. Ou seja, esse ganho de peso se referiu na verdade ao ganho de massa muscular e não de gordura.
Já o grupo Liraglutida apresentou uma queda adicional de 0,7Kg, com uma diminuição de 1,6% no percentual de gordura. Sendo assim, apesar da medicação gerar uma maior diminuição de peso, a prática de exercícios físicos se mostrou mais efetiva que a Liraglutida na redução do percentual de gordura no longo prazo.
Por fim, os indivíduos que praticaram atividade física associada a utilização de Liraglutida apresentaram uma queda adicional de 3,4 Kg e -3,5% de gordura.
A partir dos dados observados, fica evidente que apenas orientações dietéticas não são efetivas na manutenção da perda de peso na grande maioria dos indivíduos obesos. Sendo assim, terapias adjuvantes devem ser utilizadas nessa população.
Entretanto, como evidenciado pelo trabalho, medicações não são a única medida efetiva para esse processo, apenas a prática de atividade física já se mostrou eficaz na manutenção da composição corporal!
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Referências
DOI: 10.1056/NEJMoa2028198