Tratamento da Obesidade por Fenótipos
A obesidade é uma condição complexa e multifatorial, e sua heterogeneidade pode dificultar o tratamento. Um estudo conduzido na Mayo Clinic trouxe uma abordagem inovadora ao classificar a obesidade em quatro fenótipos distintos, permitindo a personalização do tratamento farmacológico. Neste artigo, vamos explorar detalhadamente a metodologia utilizada, como os fenótipos foram definidos, quais foram os tratamentos indicados e quais foram os resultados obtidos. Metodologia do Estudo O estudo foi conduzido em duas etapas principais: a caracterização dos fenótipos da obesidade e um ensaio clínico pragmático para avaliar a eficácia de um tratamento guiado por fenótipos em comparação com um tratamento padrão. Participantes e Critérios de Seleção Número total de participantes: 450 pacientes com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²). Critérios de inclusão: Pacientes adultos com obesidade dispostos a realizar os testes fenotípicos e participar do estudo clínico. Critérios de exclusão: Cirurgias gastrointestinais prévias, uso recente de medicações antiobesidade e condições médicas que poderiam interferir nos resultados. Desses 450 participantes, 312 foram selecionados para o ensaio clínico pragmático e divididos em dois grupos: Grupo intervenção (n = 84): Tratamento farmacológico baseado no fenótipo identificado. Grupo controle (n = 228): Tratamento padrão, no qual a escolha da medicação foi feita pelo médico com base em preferências, comorbidades e cobertura do seguro. Os pacientes foram acompanhados por 12 meses, e o principal desfecho avaliado foi a porcentagem de perda de peso. Definição dos Quatro Fenótipos da Obesidade A obesidade foi classificada em quatro fenótipos distintos com base em características fisiológicas e comportamentais relacionadas à ingestão alimentar e ao gasto energético. Para essa classificação, os pesquisadores utilizaram testes metabólicos, questionários validados e exames clínicos. Os fenótipos foram definidos da seguinte maneira: 1. Hungry Brain (Cérebro Faminto) Característica principal: Consumo excessivo de calorias antes de atingir saciedade. Critério diagnóstico: Teste de refeição ad libitum, com consumo calórico acima do 75º percentil. Mulheres: > 894 kcal Homens: > 1.376 kcal Causa provável: Alteração na regulação do apetite no sistema nervoso central, possivelmente envolvendo disfunções no hipotálamo. 2. Emotional Hunger (Fome Emocional) Característica principal: Comer em resposta a emoções, independentemente da fome fisiológica. Critério diagnóstico: Escore ≥ 7 pontos no Hospital Anxiety and Depression Score (HADS), indicando maior ansiedade e predisposição à alimentação emocional. Causa provável: Aumento da ativação dos centros de recompensa do cérebro, levando à alimentação compulsiva. 3. Hungry Gut (Intestino Faminto) Característica principal: Sensação de fome precoce devido ao esvaziamento gástrico acelerado. Critério diagnóstico: Esvaziamento gástrico rápido (≤ 25º percentil do tempo de meia-vida da cintilografia gástrica – T1/2). Mulheres: < 101 minutos Homens: < 86 minutos Causa provável: Alterações na liberação dos hormônios gastrointestinais, como GLP-1 e PYY, que influenciam a saciedade. 4. Slow Burn (Queima Lenta) Característica principal: Redução do gasto energético basal, dificultando a perda de peso. Critério diagnóstico: Gasto energético de repouso (REE) abaixo do esperado (≤ 25º percentil da calorimetria indireta). Mulheres: < 96% do REE previsto Homens: < 94% do REE previsto Causa provável: Baixa massa muscular e menor termogênese adaptativa. Tratamentos para Cada Fenótipo da Obesidade Cada fenótipo foi tratado com uma abordagem farmacológica específica, baseada no mecanismo de ação do medicamento e na fisiopatologia da obesidade. Segundo o estudo, no grupo intervenção, a escolha da medicação foi baseada na identificação do fenótipo predominante de cada paciente, garantindo um tratamento mais direcionado. Para aqueles classificados como Hungry Brain (Cérebro Faminto), foi indicado fentermina-topiramato, devido à sua capacidade de reduzir a ingestão calórica e aumentar a saciedade. Pacientes com Emotional Hunger (Fome Emocional) receberam naltrexona-bupropiona, um medicamento que atua no controle da compulsão alimentar e na regulação do sistema de recompensa do cérebro. Indivíduos com Hungry Gut (Intestino Faminto) foram tratados com liraglutida, um agonista do GLP-1 que retarda o esvaziamento gástrico e prolonga a saciedade. Já aqueles classificados como Slow Burn (Queima Lenta), que apresentavam um metabolismo reduzido, foram tratados com fentermina associada ao aumento da atividade física, visando a elevação do gasto energético basal. No grupo controle, a prescrição das medicações foi feita sem considerar os fenótipos, sendo baseada na experiência do médico, nas comorbidades do paciente e na disponibilidade do medicamento, o que resultou em uma distribuição diferente das terapias utilizadas. Discussão e Resultados O estudo demonstrou que o tratamento baseado nos fenótipos resultou em uma perda de peso significativamente maior em comparação com o tratamento padrão. Os principais achados foram: Média de perda de peso aos 12 meses: Grupo intervenção (fenótipo-guiado): -15,9% do peso inicial. Grupo controle (tratamento padrão): -9,0% do peso inicial. Diferença significativa: -6,9% (p < 0,001). Porcentagem de pacientes que perderam mais de 10% do peso corporal: Grupo intervenção: 79%. Grupo controle: 34%. Menor taxa de falha terapêutica no grupo intervenção (2% vs. 26%). A individualização do tratamento também pode ter contribuído para menos efeitos adversos no grupo guiado por fenótipos. Além disso, essa abordagem permitiu identificar os pacientes que se beneficiariam mais de cada medicação antes do início do tratamento, evitando o método tradicional de tentativa e erro. Referência: doi:10.1002/oby.23120
Fome, Saciação e Saciedade: Entenda as Diferenças e Como Elas Impactam o Seu Peso
Muitas pessoas acreditam que fome, saciação e saciedade são apenas variações da mesma sensação. No entanto, esses conceitos descrevem diferentes momentos do processo de alimentação e têm grande influência no controle do peso e no comportamento alimentar. Compreender essas diferenças pode ajudar a fazer escolhas mais conscientes, melhorar a relação com a comida e até mesmo auxiliar no gerenciamento do peso. A seguir, vamos explorar o que é fome, como ocorre a saciação e como a saciedade funciona, além de algumas estratégias para otimizar cada uma dessas etapas. O Que é Fome? A fome é um mecanismo fisiológico que sinaliza a necessidade de ingestão energética para manter o funcionamento do organismo. Esse processo é regulado pelo hipotálamo e envolve a interação de diversos hormônios e sinais metabólicos. Principais fatores que influenciam a fome Níveis de glicose e nutrientes no sangue: Quando estão baixos, o organismo ativa mecanismos que estimulam o apetite. Hormônios reguladores do apetite: A grelina, conhecida como “hormônio da fome”, é secretada pelo estômago antes das refeições, promovendo o desejo de comer. Outros hormônios, como a insulina e o GLP-1, modulam esse processo. Ritmo circadiano e hábitos alimentares: O corpo pode desenvolver padrões de fome condicionados por horários fixos de refeição. Fatores emocionais e psicológicos: O estresse, a ansiedade e o ambiente social podem influenciar a percepção da fome. A fome pode ser classificada em fisiológica, quando há real necessidade de energia, ou hedônica, quando a ingestão alimentar ocorre por prazer ou estímulos externos, mesmo sem uma demanda metabólica imediata. O Que é Saciação? A saciação é o processo que ocorre durante a refeição e determina o momento em que o indivíduo deixa de sentir fome e interrompe a ingestão alimentar. Esse mecanismo depende do volume e da composição dos alimentos consumidos, além da velocidade da alimentação. Fatores que influenciam a saciação Distensão gástrica: O estômago envia sinais ao cérebro à medida que se expande durante a refeição, contribuindo para a redução do apetite. Liberação de hormônios intestinais: O GLP-1 e a colecistoquinina (CCK) são liberados conforme os alimentos chegam ao trato digestivo, promovendo o fim da refeição. Velocidade da alimentação: Comer lentamente permite que os sinais de saciação sejam processados de forma mais eficiente, reduzindo o risco de ingestão excessiva. Estratégias para melhorar a saciação Mastigação adequada e alimentação sem pressa para permitir a ativação dos mecanismos de controle do apetite. Consumo de alimentos ricos em proteínas e fibras, que prolongam a digestão e aumentam a saciação. Evitar alimentos ultraprocessados, que geralmente possuem alta densidade calórica e baixo potencial saciante. A saciação é um fator importante no controle da ingestão alimentar e pode ser modulada por intervenções dietéticas e comportamentais. O Que é Saciedade? A saciedade refere-se ao período após a refeição em que o indivíduo permanece sem sentir fome. Esse processo está relacionado à digestão, ao metabolismo dos nutrientes e à regulação hormonal. Fatores que influenciam a saciedade Composição da refeição: Alimentos ricos em fibras e proteínas promovem maior saciedade por retardarem o esvaziamento gástrico. Gorduras saudáveis, como as presentes no azeite de oliva e em oleaginosas, também aumentam a saciedade ao modularem a liberação de hormônios intestinais. Carboidratos refinados, como pão branco e açúcar, promovem saciedade de curta duração devido ao rápido aumento e queda da glicemia. Metabolismo e gasto energético: A prática regular de atividade física pode influenciar a liberação de hormônios que prolongam a saciedade. Resposta hormonal: O GLP-1, a leptina e a insulina desempenham papéis essenciais na manutenção da saciedade após as refeições. Dicas para aumentar a saciedade Priorizar fontes de proteína magra, como ovos, frango, peixes e laticínios com baixo teor de gordura. Optar por carboidratos complexos, como batata-doce, arroz integral e quinoa, que fornecem energia de forma mais estável. Incluir fontes de gordura saudável, como castanhas e abacate, para retardar o esvaziamento gástrico. Manter hidratação adequada, pois a desidratação pode ser confundida com sinais de fome. A saciedade é fundamental para evitar episódios de fome precoce e oscilações glicêmicas, contribuindo para o controle de peso e a adesão a planos alimentares mais equilibrados. Conclusão Fome, saciação e saciedade são processos distintos, mas interdependentes, que regulam o comportamento alimentar. A fome sinaliza a necessidade de ingestão de alimentos. A saciação determina o fim da refeição. A saciedade prolonga o período sem fome após a alimentação. Compreender esses mecanismos permite o desenvolvimento de estratégias mais eficazes para o controle do peso, a prescrição de dietas personalizadas e a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis. A abordagem clínica desses processos deve considerar tanto os aspectos fisiológicos quanto os comportamentais, garantindo um manejo nutricional adequado e sustentável.
Questão Resolvida do TEME (Q03-2024)
2024 – Questão 03: Com relação ao Sistema Aeróbio (Oxidativo), espera-se que, nessa via energética: a) Na execução de um treino com predomínio aeróbio, a utilização de carboidrato percentualmente reduza, à medida que a intensidade do exercício aumente b) Na execução de um treino com predomínio aeróbio, à medida que a intensidade do exercício aumente, a utilização percentual de gordura aumente c) Na execução de um treino com predomínio aeróbio, em carga constante e prolongada, a utilização percentual de gordura aumente d) No repouso, a utilização de gordura seja percentualmente maior que a de carboidrato e) No repouso, a utilização de gordura e de carboidrato tendam, em geral, a se equivaler, com a participação de proteínas sendo praticamente nula Resposta correta: ✅ Letra D – No repouso, a utilização de gordura seja percentualmente maior que a de carboidrato. Observação: A banca considerou a alternativa C como correta. No entanto, essa escolha pode gerar debate, pois, embora seja verdade que a oxidação de gordura aumenta em exercícios aeróbicos prolongados, isso não ocorre de maneira absoluta para todas as situações. A predominância de gordura como fonte energética depende de fatores como a intensidade do exercício e o nível de condicionamento do indivíduo. Comentários sobre cada alternativa: ❌ (A) Na execução de um treino com predomínio aeróbio, a utilização de carboidrato percentualmente reduza, à medida que a intensidade do exercício aumente.Incorreto. O aumento da intensidade leva a um maior consumo de carboidratos, pois sua metabolização fornece energia mais rapidamente. ❌ (B) Na execução de um treino com predomínio aeróbio, à medida que a intensidade do exercício aumente, a utilização percentual de gordura aumente.Errado. O metabolismo prioriza os carboidratos conforme a intensidade aumenta, pois o processo de oxidação da gordura é mais lento e não atende à demanda energética de exercícios mais intensos. ✅ (C) Na execução de um treino com predomínio aeróbio, em carga constante e prolongada, a utilização percentual de gordura aumente.Foi a alternativa considerada correta pela banca. Isso se baseia no fato de que, em exercícios prolongados, há um aumento progressivo da mobilização de gordura para preservar o glicogênio muscular. No entanto, isso não ocorre de forma absoluta em todas as condições, pois depende do nível de intensidade do exercício e do estado nutricional do indivíduo. ✅ (D) No repouso, a utilização de gordura seja percentualmente maior que a de carboidrato.Essa é a alternativa fisiologicamente mais correta. O metabolismo de repouso prioriza a gordura como principal fonte de energia, já que não há necessidade de rápida disponibilidade de ATP. ❌ (E) No repouso, a utilização de gordura e de carboidrato tendam, em geral, a se equivaler, com a participação de proteínas sendo praticamente nula.Parcialmente correta. A participação das proteínas na geração de energia é mínima, mas a gordura ainda é a principal fonte energética no repouso, não havendo uma equivalência exata entre gordura e carboidrato. Resumo do tema: O sistema aeróbio (oxidativo) utiliza oxigênio para gerar ATP a partir de carboidratos e gorduras, sendo a principal via energética em atividades de longa duração. Em repouso e baixa intensidade, a principal fonte de energia são as gorduras. À medida que a intensidade do exercício aumenta, há um maior consumo de carboidratos. Em exercícios prolongados de intensidade moderada, a participação da gordura pode aumentar progressivamente, o que justificou a escolha da alternativa C pela banca. O conhecimento sobre os sistemas energéticos é essencial para a prescrição adequada do treinamento e da nutrição esportiva.
Questão resolvida do TEME (Q02-2024)
2024 – Questão 02: Com relação aos Sistemas de Ressíntese de adenosina trifosfato (ATP), podemos afirmar que: a) O Sistema Anaeróbio Alático é o que possui a maior potência e a menor capacidadede produção de ATPb) O Sistema Anaeróbio Lático é o que possui a menor potência e a maior capacidadede produção de ATPc) O Sistema Aeróbio é o que possui a maior potência e a maior capacidade deprodução de ATPd) O Sistema Anaeróbio Lático, através de seu produto final, o ácido lático, é ocausador da acidose observada em exercícios físicos e consequente aparecimentode fadigae) Todas as alternativas acima estão incorretas Resposta correta: ✅ Letra A – O Sistema Anaeróbio Alático é o que possui a maior potência e a menor capacidade de produção de ATP. Comentários sobre cada alternativa: ✅ (A) O Sistema Anaeróbio Alático é o que possui a maior potência e a menor capacidade de produção de ATP.Correto! O sistema dos fosfagênios (ATP-CP) é o mais rápido na ressíntese de ATP, fornecendo energia de forma explosiva. No entanto, sua capacidade é muito limitada, pois a reserva de fosfocreatina nos músculos se esgota rapidamente (dura cerca de 8 a 12 segundos em máxima intensidade). ❌ (B) O Sistema Anaeróbio Lático é o que possui a menor potência e a maior capacidade de produção de ATP.Errado. O sistema anaeróbio lático (glicólise anaeróbia) tem potência intermediária: gera ATP mais lentamente que o sistema ATP-CP, mas mais rápido que o sistema aeróbio. Além disso, sua capacidade de produção de ATP é moderada, não a maior de todas. ❌ (C) O Sistema Aeróbio é o que possui a maior potência e a maior capacidade de produção de ATP.Errado. O sistema aeróbio tem a maior capacidade de produção de ATP (porque usa fontes energéticas abundantes como glicose e ácidos graxos), mas a menor potência, pois é mais lento devido à necessidade de oxigênio para gerar energia. ❌ (D) O Sistema Anaeróbio Lático, através de seu produto final, o ácido lático, é o causador da acidose observada em exercícios físicos e consequente aparecimento de fadiga.Esse é um mito comum. O ácido lático se dissocia rapidamente em lactato e íons H⁺, e a acidose é causada principalmente pelo acúmulo de H⁺, não pelo lactato em si. O lactato pode ser reaproveitado pelo fígado (ciclo de Cori) ou mesmo por músculos aeróbicos como fonte de energia. ❌ (E) Todas as alternativas acima estão incorretas.Errado, pois a alternativa (A) está correta. Resumo do tema: Os três principais sistemas de ressíntese de ATP diferem em potência (velocidade de produção) e capacidade (quantidade total de ATP produzido): 1- Sistema Anaeróbio Alático (ATP-CP) – Maior potência ⚡, menor capacidade ⏳. Fornece energia imediata para atividades de curta duração e altíssima intensidade (ex: sprints, levantamento de peso). 2- Sistema Anaeróbio Lático (Glicólise Anaeróbia) – Potência e capacidade intermediárias. Produz ATP rapidamente sem oxigênio, mas acumula H⁺, levando à acidose e fadiga muscular. Importante em atividades de 30s a 2min (ex: 400m rasos). 3- Sistema Aeróbio – Menor potência, mas maior capacidade. Fornece energia para atividades de longa duração (ex: maratonas), utilizando oxigênio para metabolizar carboidratos e gorduras.
Questão resolvida do TEME (Q01-2024)
2024 – Questão 01: Considerando as características metabólicas e funcionais dos tipos de fibras musculares, um treinador de atletismo está planejando um programa de treinamento específico para um corredor de 100 metros rasos. Com base nessas informações, o treinamento deve focar qual tipo de fibra muscular do atleta, para maximizar seu desempenho nessa prova? a) Fibras de contração lenta, Tipo I – Predominantemente aeróbias, com alta capacidade de resistência e produção de energia via fosforilação oxidativa b) Fibras de contração rápida, Tipo IIa – Aeróbias e anaeróbias, versáteis, com capacidade moderada de resistência e produção de energia, tanto via fosforilação oxidativa quanto pela glicólise anaeróbia c) Fibras de contração rápida, Tipo IIb (também conhecidas como Tipo IIx) – Predominantemente anaeróbias, com baixa capacidade de produção energética, mas alta potência de ressíntese de ATP, via sistema do fosfagênio d) Uma combinação igual de fibras Tipo I e Tipo IIx, para equilibrar resistência e potência e) Fibras Tipo IIa, pois oferecem o melhor equilíbrio entre velocidade e resistência, para esse tipo de prova Resposta correta: Letra C – Fibras de contração rápida, Tipo IIb (também conhecidas como Tipo IIx). Comentários sobre cada alternativa: ✅ (C) Fibras de contração rápida, Tipo IIb (ou IIx) – Essas fibras são as mais adequadas para provas de curta duração e alta intensidade, como os 100 metros rasos. Elas possuem alta capacidade de produção de força e potência, porém fadigam rapidamente, pois utilizam predominantemente o sistema anaeróbio alático (ATP-CP) para gerar energia. ❌ (A) Fibras de contração lenta, Tipo I – Embora essas fibras tenham alta resistência à fadiga e utilizem o metabolismo aeróbico, elas não são ideais para provas de velocidade. São mais adequadas para esportes de longa duração, como maratonas, devido à sua menor capacidade de gerar potência explosiva. ❌ (B) Fibras de contração rápida, Tipo IIa – Essas fibras são intermediárias, tendo um equilíbrio entre metabolismo aeróbio e anaeróbio. Elas são importantes em esportes como meio-fundo e provas de resistência intermitente, mas não fornecem a explosão de potência necessária para o sprint de 100 metros. ❌ (D) Uma combinação igual de fibras Tipo I e Tipo IIx – Embora uma mistura de fibras possa ser útil para diversas modalidades, para os 100 metros rasos, a predominância de fibras Tipo IIx é essencial. O equilíbrio entre resistência e potência não é a melhor estratégia para uma prova tão curta. ❌ (E) Fibras Tipo IIa – Apesar de possuírem boa velocidade e resistência, as fibras IIa não são as mais explosivas. Para máxima performance nos 100 metros, é necessário treinar e estimular as fibras mais rápidas (Tipo IIx). Resumo do tema: As fibras musculares se dividem em Tipo I (contração lenta, aeróbias, resistentes à fadiga) e Tipo II (contração rápida, anaeróbias, mais potentes e menos resistentes). Dentro das fibras rápidas, há as Tipo IIa (intermediárias, aeróbias e anaeróbias) e as Tipo IIx (ou IIb), que são as mais explosivas, mas fadigam rapidamente. Nos 100 metros rasos, a demanda energética vem do sistema ATP-CP (sistema dos fosfagênios), que depende das fibras Tipo IIx. O treinamento para velocistas deve focar no desenvolvimento da potência, velocidade e coordenação neuromuscular dessas fibras, além da técnica de corrida. 4o
Fisiculturismo na Adolescência: Benefícios, Riscos e Impacto Psicológico Segundo a Ciência
os últimos anos, o fisiculturismo na adolescência tem se tornado cada vez mais popular. Com a ascensão das redes sociais e a valorização de corpos extremamente musculosos, muitos jovens buscam alcançar um físico de alto nível desde cedo. Mas será que essa prática é segura? Quais são os benefícios, riscos e impactos psicológicos do fisiculturismo na juventude? Eu sou Dr. Guilherme Adami, médico residente em Medicina do esporte pelo HCFMUSP, e ao longo deste artigo, vou compartilhar com você o que a ciência diz sobre o fisiculturismo na adolescência. Vamos abordar desde os benefícios do treino de hipertrofia até os perigos do uso de anabolizantes e a influência da imagem corporal na mente dos jovens. Se você quer se aprofundar no desempenho esportivo, hipertrofia e saúde no fisiculturismo, tenho duas oportunidades para você: Agende sua consulta Quero ser um profissional capacitado! Fisiculturismo vs. Musculação Recreativa: Entenda as Diferenças O fisiculturismo e a musculação recreativa são frequentemente confundidos, mas possuem diferenças essenciais em seus objetivos e impacto na vida do praticante. Enquanto a musculação recreativa foca na melhora da saúde geral, prevenção de lesões, aumento da força e condicionamento físico, o fisiculturismo exige um nível extremo de controle sobre o corpo, priorizando a hipertrofia muscular máxima e a definição física. No fisiculturismo, cada aspecto do treinamento, da nutrição e até do estilo de vida é planejado para maximizar a estética muscular, muitas vezes em detrimento de outros aspectos da saúde. Além das diferenças no treinamento e na alimentação, outro fator que frequentemente diferencia o fisiculturismo da musculação recreativa é o uso de esteroides anabolizantes. No ambiente competitivo e de alto desempenho do fisiculturismo, a utilização dessas substâncias se tornou uma prática comum, apesar dos riscos conhecidos para a saúde. O problema se torna ainda mais preocupante quando observamos adolescentes entrando nesse universo sem plena consciência dos perigos envolvidos. A pressão por atingir padrões corporais irreais e a influência das redes sociais fazem com que muitos jovens considerem o uso dessas substâncias como um “atalho” para alcançar um físico mais musculoso em menos tempo. Um estudo realizado na cidade de São Paulo com 3.150 adolescentes mostrou um dado alarmante: 39% dos entrevistados afirmaram que considerariam o uso de anabolizantes para melhorar sua aparência, mesmo tendo conhecimento sobre os riscos associados. Além disso, 43% demonstraram preferência por métodos rápidos para modificar o corpo, independentemente das consequências, e 36% admitiram não conhecer totalmente os efeitos dos esteroides, mas ainda assim cogitariam utilizá-los. Esses números evidenciam como a busca pela estética pode levar adolescentes a tomar decisões que comprometem sua saúde a longo prazo. No fisiculturismo, a obsessão pelo controle da composição corporal se manifesta não apenas no treinamento intenso e na dieta altamente restritiva, mas também na mentalidade de que o corpo nunca está suficientemente desenvolvido. Esse fenômeno pode levar à insatisfação crônica com a própria imagem e, em casos mais graves, ao desenvolvimento de transtornos como a dismorfia muscular. Quando essa busca pelo físico ideal ocorre na adolescência, um período de formação da identidade e amadurecimento psicológico, os impactos podem ser ainda mais significativos. O Papel da Imagem Corporal no Fisiculturismo Juvenil A imagem corporal tem um papel central no fisiculturismo juvenil. Para muitos adolescentes, a busca pelo corpo musculoso vai além da estética e se torna um reflexo da identidade e autoestima. Durante a adolescência, fase de intensas mudanças físicas e emocionais, a aparência se torna um fator determinante para a aceitação social. Um estudo realizado com mais de 3.150 adolescentes em São Paulo revelou que 39% dos jovens entrevistados considerariam o uso de anabolizantes para melhorar a aparência, mesmo tendo conhecimento dos riscos, enquanto 43% disseram preferir métodos rápidos para modificar o corpo, e 36% admitiram não conhecer totalmente os efeitos dessas substâncias, mas ainda assim cogitariam utilizá-las . Esses números mostram como a pressão estética pode impactar as decisões dos jovens e levá-los a considerar práticas arriscadas em busca do físico ideal. O Corpo Como Identidade: Por Que Adolescentes Se Apegaram Tanto à Estética? No fisiculturismo, o corpo musculoso representa mais do que força física—ele se torna um símbolo de status e disciplina. Muitos adolescentes enxergam o esporte como uma forma de se destacar e ganhar respeito, especialmente aqueles que já enfrentaram inseguranças relacionadas à aparência. Um estudo com adolescentes fisiculturistas mostrou que a maioria dos jovens vê o próprio corpo como resultado direto de esforço e dedicação, associando a musculatura ao reconhecimento e aceitação social . Essa mentalidade pode ser benéfica quando há equilíbrio, mas também pode levar à obsessão por melhorias constantes, tornando a insatisfação com o próprio corpo um fator motivador para treinos cada vez mais intensos. Fisiculturismo Como Construção da Identidade na Adolescência Um estudo que investigou o fisiculturismo juvenil sob uma perspectiva psicanalítica revelou que, para muitos adolescentes, a construção do corpo musculoso vai além da estética e se torna uma forma de preencher um vazio emocional e consolidar uma identidade. A pesquisa, baseada em entrevistas e questionários aplicados a jovens fisiculturistas, mostrou que a musculatura desenvolvida não é apenas um reflexo do treino e da dieta, mas um símbolo de segurança e controle sobre si mesmo. Um dos participantes expressou essa relação de forma marcante: “Sem músculos, eu sou ninguém. Meu corpo é a única coisa que eu posso controlar completamente.” Essa declaração exemplifica como, para muitos jovens, o fisiculturismo funciona como um mecanismo para lidar com inseguranças, traumas ou a necessidade de aceitação social . Essa busca incessante por uma imagem idealizada pode levar a comportamentos extremos, como treinos exaustivos, dietas extremamente restritivas e, em alguns casos, o uso precoce de anabolizantes. O estudo apontou que adolescentes que já tinham uma percepção negativa do próprio corpo antes de iniciarem no fisiculturismo eram os mais propensos a desenvolver hábitos prejudiciais para alcançar o físico desejado . A ideia de que o corpo nunca está suficientemente grande ou definido pode reforçar ciclos de insatisfação crônica, tornando a prática do fisiculturismo uma necessidade compulsiva em vez de uma escolha saudável. Fisiculturismo e a Formação de
Diagnóstico diferencial das taquiarritmias de QRS estreito
As taquiarritmias são uma causa comum de palpitações e desconforto torácico, podendo impactar a qualidade de vida dos pacientes e, em alguns casos, representar risco à saúde. Entre essas arritmias, as taquiarritmias de QRS estreito se destacam por sua origem supraventricular e pela necessidade de uma abordagem sistemática para o diagnóstico correto. Meu nome é Guilherme Adami, sou médico do esporte e professor, com experiência na interpretação de exames cardiológicos e no manejo de condições cardiovasculares em atletas e pacientes em geral. A eletrocardiografia é uma ferramenta essencial na prática clínica, e compreender os diferentes padrões das taquiarritmias pode ser decisivo para um tratamento adequado. Se você deseja aprofundar seus conhecimentos sobre arritmias, medicina esportiva e cardiologia aplicada ao exercício, confira meus cursos completos clicando no botão abaixo. Quero aprender mais Agora, vamos entender o que são as taquiarritmias de QRS estreito e como diferenciá-las de forma objetiva e eficiente. O que são Taquiarritmias de QRS Estreito? As taquiarritmias de QRS estreito são arritmias com frequência cardíaca superior a 100 bpm e complexos QRS menores que 120 ms no eletrocardiograma (ECG). Essas características indicam que a ativação ventricular ocorre de maneira normal pelo sistema de condução cardíaco, ou seja, a arritmia tem origem supraventricular (nos átrios ou no nó atrioventricular). Elas podem ocorrer tanto em indivíduos saudáveis quanto em pacientes com cardiopatias estruturais, e os mecanismos fisiopatológicos mais comuns incluem: Aumento do automatismo: células do átrio ou do nó AV disparam impulsos em frequência elevada. Reentrada: um circuito elétrico anômalo permite a perpetuação do estímulo. Atividade deflagrada: oscilações do potencial de membrana desencadeiam disparos repetitivos. O correto diagnóstico dessas taquiarritmias é fundamental, pois cada uma tem uma abordagem terapêutica específica, desde manobras vagais e fármacos até procedimentos invasivos, como ablação por cateter. Quero aprender mais Principais Taquiarritmias de QRS Estreito e Seus Critérios Diagnósticos 1. Taquicardia Atrial (TA) A taquicardia atrial (TA) é uma arritmia supraventricular caracterizada por um foco ectópico nos átrios que gera impulsos a uma frequência entre 120 e 250 bpm. Pode ocorrer por aumento do automatismo, reentrada ou atividade deflagrada. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo regular Ondas P anormais em morfologia e eixo, diferentes das ondas P sinusais Relação P:QRS de 1:1, exceto em bloqueios de condução atrioventricular Intervalo PR variável, dependendo da origem do foco atrial É uma arritmia que pode ser paroxística ou sustentada, sendo mais comum em pacientes com doenças pulmonares e insuficiência cardíaca. 2. Flutter Atrial (FLA) O flutter atrial é uma taquiarritmia supraventricular causada por um circuito de reentrada macrorreentrante no átrio direito. A ativação atrial ocorre de forma rápida e organizada, com frequência entre 250 e 350 bpm. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo atrial regular Ondas “F” serrilhadas, melhor visualizadas em DII, DIII e aVF Relação variável entre ondas F e QRS, geralmente conduzido a 2:1, 3:1 ou 4:1 QRS estreito quando há condução AV normal Muitas vezes está associado a doença cardíaca estrutural, hipertensão ou pós-operatório de cirurgia cardíaca. Pode ser revertido com cardioversão elétrica, dependendo da estabilidade do paciente. 3. Fibrilação Atrial (FA) A fibrilação atrial (FA) é a arritmia cardíaca sustentada mais comum e ocorre devido à ativação desorganizada dos átrios, resultando em perda da contração atrial eficaz. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo irregularmente irregular Ausência de ondas P definidas, substituídas por ondas fibrilatórias Variação dos intervalos RR QRS estreito, a menos que haja bloqueio de ramo pré-existente ou condução aberrante Pacientes com FA têm maior risco de tromboembolismo, sendo frequentemente necessário o uso de anticoagulação. Taquiarritmias Supraventriculares por Reentrada ou Condução Anômala 4. Taquicardia por Reentrada Nodal (TRN) A taquicardia por reentrada nodal (TRN) é uma das taquiarritmias supraventriculares mais comuns, ocorrendo por um circuito reentrante dentro do nó atrioventricular, envolvendo vias rápidas e lentas. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo regular, entre 140 e 250 bpm QRS estreito Onda P ausente ou retrógrada (aparecendo logo após o QRS em DII, DIII e aVF) Intervalo RP curto (< 80 ms) na forma típica Frequentemente ocorre em pacientes jovens e saudáveis e pode ser revertida com manobras vagais ou adenosina. 5. Taquicardia Juncional (TJ) A taquicardia juncional (TJ) tem origem na região do nó atrioventricular ou adjacências, sem a necessidade de um circuito de reentrada. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo regular, geralmente entre 100 e 180 bpm Ausência de ondas P visíveis ou presença de onda P retrógrada Intervalo PR curto quando a onda P está presente Mais comum em pacientes pós-operatórios de cirurgia cardíaca, intoxicação digitálica e miocardite. 6. Taquicardia de Coumel (Taquicardia Mediada por Via Lenta – TPVL) A taquicardia de Coumel, ou taquicardia mediada por via lenta, é um tipo raro de taquicardia reentrante atrioventricular que ocorre devido a uma via acessória com condução retrógrada. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo regular, geralmente entre 120 e 200 bpm QRS estreito Ondas P retrógradas bem visíveis (RP longo, > 90 ms) Pode apresentar padrão de bloqueio de ramo É sensível à adenosina e ao bloqueio nodal, mas a cura definitiva ocorre com ablação da via acessória. 7. Taquicardia por Reentrada Atrioventricular (TRAV – Taquicardia Ortodrômica) A taquicardia por reentrada atrioventricular (TRAV) ocorre quando um impulso utiliza o nó atrioventricular para condução anterógrada e uma via acessória para condução retrógrada, formando um circuito de reentrada. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo regular, entre 150 e 250 bpm QRS estreito na forma ortodrômica Ondas P retrógradas, frequentemente visíveis logo após o QRS Intervalo RP longo (> 90 ms) A forma ortodrômica pode ser revertida com adenosina ou manobras vagais. A ablação da via acessória é frequentemente o tratamento definitivo. Taquicardia Ventricular com Padrão de QRS Estreito 8. Taquicardia Ventricular Septal (TV Septal) A taquicardia ventricular septal (TV septal) é uma exceção entre as taquicardias ventriculares, pois pode apresentar QRS relativamente estreito devido à sua origem próxima ao sistema de condução normal dos ventrículos. Critérios eletrocardiográficos: Ritmo regular, geralmente entre 120 e 180 bpm QRS levemente alargado, mas pode ser estreito em alguns casos Presença de dissociação atrioventricular ou complexos de fusão pode sugerir origem ventricular Ondas P podem estar dissociadas dos QRS Deve ser considerada quando há um paciente com história de cardiopatia
Marcapasso no Teste Ergométrico – O Que Você Precisa Saber
Antes de começarmos a falar sobre o teste ergométrico em pacientes com marcapasso, gostaria de me apresentar. Sou médico do Esporte, residente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HCFMUSP), atuando com avaliação cardiovascular e testes ergométricos. Atuo na realização de testes ergométricos na Fleury e atendo pacientes particulares e online em São Paulo. Se você precisa de um médico para avaliar essa condição, clique no botão abaixo e agende uma consulta. Se você deseja aprofundar seus conhecimentos sobre arritmias, medicina esportiva e cardiologia aplicada ao exercício, confira meus cursos completos clicando no botão abaixo. Quero aprender mais Agende sua consulta O que é um marcapasso e como ele influencia a resposta ao exercício? O marcapasso é um dispositivo eletrônico implantável utilizado para tratar distúrbios do ritmo cardíaco, como bradicardia sintomática e bloqueios atrioventriculares. Ele funciona emitindo impulsos elétricos que estimulam o coração quando a atividade elétrica natural está comprometida, garantindo uma frequência cardíaca adequada para a perfusão dos órgãos. Durante o exercício, a resposta fisiológica normal envolve um aumento progressivo da frequência cardíaca e do débito cardíaco para atender à demanda metabólica dos tecidos. Pacientes com marcapasso podem apresentar limitações nessa resposta, especialmente se dependentes do dispositivo para a estimulação cardíaca. O impacto do marcapasso no desempenho durante o exercício depende de diversos fatores, incluindo: O modo de estimulação (VVI, DDD, VVIR, DDDR); A preservação da função do nó sinoatrial; A capacidade de modulação da frequência (presente em dispositivos rate-responsive); A sincronização entre os átrios e ventrículos. Pacientes que utilizam marcapassos sem ajuste de frequência responsiva podem apresentar uma resposta inadequada ao exercício, com incapacidade de aumentar a frequência cardíaca conforme a demanda metabólica, resultando em fadiga precoce e limitação funcional. Agende sua consulta Importância da avaliação de pacientes com marcapasso no teste ergométrico O teste ergométrico é uma ferramenta essencial para avaliar a função cardiovascular em pacientes com marcapasso. Ele permite: Avaliar a resposta cronotrópica do marcapasso durante o esforço; Identificar eventuais disfunções do dispositivo, como falhas na detecção (undersensing) ou sensibilidade excessiva (oversensing); Determinar a capacidade funcional do paciente e sua tolerância ao exercício; Orientar ajustes na programação do marcapasso, otimizando a resposta ao esforço; Monitorar a presença de fenômenos esperados, como o Wenckebach eletrônico (bloqueio AV funcional em marcapassos DDD durante frequências elevadas). Além disso, o teste ergométrico auxilia na estratificação do risco cardiovascular e na elaboração de programas de reabilitação física para pacientes com dispositivos implantados, garantindo maior segurança e eficiência no tratamento da sua condição. Agende sua consulta 2. Funcionamento dos Marcapassos Durante o Exercício Modos de Estimulação (VVI, DDD, VVIR, DDDR) Os marcapassos podem operar em diferentes modos de estimulação, que determinam como eles detectam e respondem à atividade elétrica do coração. A nomenclatura é composta por uma sequência de letras que indicam: Primeira letra: Câmara estimulada (A = átrio, V = ventrículo, D = ambos). Segunda letra: Câmara sensível (A = átrio, V = ventrículo, D = ambos, O = sem sensibilidade). Terceira letra: Resposta à atividade cardíaca (I = inibição, T = disparo, D = ambos). Quarta letra: Modulação da frequência (R = rate-responsive, ajusta a frequência de acordo com a demanda do paciente; O = sem modulação de frequência). Quinta letra (opcional): Estimulação multissítio (A = átrio, V = ventrículo, D = ambos, O = sem estimulação adicional). Principais Modos e Suas Influências na Resposta ao Exercício: VVI: Estimula e detecta apenas o ventrículo. Não mantém a sincronia AV, podendo limitar a resposta ao esforço. DDD: Detecta e estimula átrio e ventrículo, preservando a sincronia AV. Proporciona melhor resposta cronotrópica ao exercício. VVIR: Igual ao VVI, mas com ajuste automático da frequência conforme a necessidade do paciente. DDDR: Modo mais avançado, que permite detecção e estímulo em ambas as câmaras com modulação da frequência, garantindo uma resposta mais fisiológica ao esforço. Ajustes Automáticos de Frequência (Rate-Responsive Pacing) Alguns marcapassos possuem sensores que ajustam automaticamente a frequência cardíaca de acordo com a demanda metabólica do paciente. Esses sensores podem detectar mudanças em: Movimento corporal (acelerômetros internos). Ventilação (sensor de impedância torácica). Temperatura corporal e níveis de atividade autonômica. Esse ajuste é essencial para pacientes que não apresentam resposta cronotrópica adequada, permitindo um aumento progressivo da frequência cardíaca durante o esforço. Diferença Entre Pacientes Dependentes e Não Dependentes do Marcapasso Pacientes Dependentes: Precisam do marcapasso para manter a função cardíaca, pois não geram ritmo próprio adequado. Pacientes Não Dependentes: Possuem atividade elétrica espontânea, mas o marcapasso atua como suporte quando necessário. Durante o teste ergométrico, pacientes não dependentes podem alternar entre o ritmo próprio e a estimulação do marcapasso, enquanto pacientes dependentes dependerão exclusivamente do dispositivo para resposta ao esforço. Agende sua consulta 3. Protocolos para Teste Ergométrico em Pacientes com Marcapasso A escolha do protocolo adequado para o teste ergométrico depende do tipo de marcapasso e da resposta cronotrópica do paciente: Pacientes com marcapasso que dita o ritmo: O protocolo recomendado é o CAEP, pois permite avaliação da resposta do marcapasso ao esforço de forma progressiva e segura. Pacientes que alternam entre ritmo próprio sinusal e estimulação do marcapasso: Os protocolos mais utilizados são Bruce, Ellestad ou Bruce Modificado, dependendo do nível de condicionamento físico do paciente: Bruce: Indicado para pacientes com capacidade funcional moderada, que conseguem subir um morro, mas apresentam maior dificuldade em conseguir correr, por exemplo. Ellestad: Protocolo que aumenta mais a velocidade que a inclinação, sendo mais utilizado em pacientes jovens. Bruce Modificado: Alternativa para pacientes com menor tolerância ao esforço, permitindo uma progressão mais suave na carga de trabalho. A escolha do protocolo deve ser baseada na capacidade funcional do paciente e no objetivo da avaliação ergométrica. Agende sua consulta 4. Alterações Eletrocardiográficas em Pacientes com Marcapasso Oversensing O oversensing ocorre quando a sensibilidade do marcapasso está aumentada, fazendo com que ele detecte sinais elétricos externos ou internos que não deveriam ser interpretados como atividade cardíaca. Isso pode incluir artefatos musculares, interferências elétricas ou até mesmo ondas T proeminentes. Como resultado, o marcapasso inibe indevidamente a estimulação, levando a pausas
Retorno ao Esporte Após Rabdomiólise: Guia Completo para uma Recuperação Segura
Olá, eu sou o Dr. Guilherme Adami, médico residente em Medicina Esportiva pelo HCFMUSP. Tenho ampla experiência no atendimento a atletas de diversas modalidades, incluindo esportes de alto rendimento. Minha missão é ajudar atletas e praticantes de atividade física a superarem desafios relacionados à saúde e voltarem a performar no seu máximo potencial, sempre com segurança. Se você passou por um episódio de rabdomiólise ou está buscando orientação para retornar ao esporte após uma lesão ou condição médica, agende uma consulta comigo. Juntos, podemos criar um plano personalizado, considerando seu histórico e metas esportivas. Abaixo, explicarei um dos protocolos mais utilizados para o retorno ao esporte após a rabdomiólise. Este método progressivo tem como objetivo garantir uma recuperação completa, minimizando os riscos de recorrência e complicações. Vamos lá? Agende sua consulta O que é Rabdomiólise e Como Ela Afeta os Atletas? A rabdomiólise é uma condição caracterizada pela destruição das fibras musculares esqueléticas, resultando na liberação de substâncias intracelulares, como mioglobina, creatina quinase (CK) e outros metabólitos, na corrente sanguínea. Essa condição pode levar a complicações graves, como insuficiência renal, quando não tratada adequadamente. Embora possa ocorrer em diferentes contextos, a rabdomiólise de esforço é desencadeada por atividades físicas intensas ou excessivas, especialmente em atletas que excedem seus limites físicos. Principais Causas e Fatores de Risco Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da rabdomiólise, especialmente em atletas. Entre as principais causas estão: Exercício físico extremo: Treinamentos intensos, em alta temperatura ou sem tempo adequado de recuperação. Desidratação: A falta de hidratação adequada intensifica o risco de lesão muscular. Uso de suplementos ou medicamentos: Alguns compostos como estatinas ou mesmo outras medicações, podem aumentar o risco. Condições genéticas ou predisposições: Mitocondriopatias e outros distúrbios metabólicos. Agende sua consulta Quando Voltar ao Esporte Após um Episódio de Rabdomiólise? Após um episódio de rabdomiólise, especialmente se foi necessário internamento hospitalar, é fundamental ter cautela antes de retornar ao esporte. Embora muitos atletas se sintam ansiosos para voltar à rotina de treinos e competições, o retorno imediato pode representar um grande risco de recaída, aumentando a chance de um novo episódio de rabdomiólise ou outras complicações graves, como insuficiência renal. Após a alta hospitalar, o corpo ainda está se recuperando dos danos musculares e metabólicos causados pela condição. Retomar atividades intensas sem uma progressão adequada pode sobrecarregar os músculos já fragilizados e comprometer a recuperação completa. Por isso, o retorno ao esporte deve ser gradual, monitorado por profissionais especializados e baseado em protocolos seguros e cientificamente validados. Abaixo, apresentarei um dos protocolos mais utilizados para o retorno ao esporte após a rabdomiólise. Ele foi desenvolvido para garantir uma recuperação segura e eficiente, ajudando o atleta a recuperar sua condição física e prevenir novos episódios. Vamos conferir? Agende sua consulta Estratificação de Risco e Diretrizes para o Retorno ao Esporte Após Rabdomiólise A decisão sobre quando e como retornar ao esporte após um episódio de rabdomiólise de esforço deve considerar a estratificação de risco do atleta, de acordo com fatores identificados no estudo. Essa avaliação ajuda a diferenciar aqueles que podem seguir protocolos padronizados dos que precisam de planos individualizados. Indivíduos de Alto Risco: Critérios Atletas são considerados de alto risco para novos episódios de rabdomiólise quando apresentam um ou mais dos seguintes fatores: Recuperação retardada, com sintomas persistentes por mais de uma semana, mesmo com repouso. Elevação persistente de CK (mais de 5 vezes o limite superior do normal) após pelo menos duas semanas de descanso. Rabdomiólise acompanhada de lesão renal aguda. Histórico pessoal ou familiar de miopatias, cãibras musculares recorrentes ou episódios significativos de rabdomiólise. Presença de traço falciforme ou histórico familiar de anemia falciforme. Histórico pessoal ou familiar de hipertermia maligna ou complicações inexplicadas após anestesia geral. Indivíduos de Baixo Risco: Critérios Para serem classificados como baixo risco, os atletas não devem apresentar nenhum dos critérios acima e devem atender a pelo menos um dos seguintes: Recuperação clínica rápida com normalização da CK e da urina após restrições ao exercício. Episódio de rabdomiólise associado a um evento isolado de exercício muito intenso. Ausência de histórico pessoal ou familiar de miopatias, cãibras musculares recorrentes ou rabdomiólise significativa. Episódios de rabdomiólise relacionados a uma sessão de treino em grupo, sugerindo fatores ambientais ou de treinamento. Presença de doença viral ou infecciosa concomitante no momento do episódio. Uso de suplementos ou medicamentos que possam ter contribuído para o quadro. Diretrizes para o Retorno ao Esporte Pacientes de alto risco devem ser avaliados de forma individualizada, com acompanhamento próximo de especialistas, como médicos do esporte, nefrologistas e outros profissionais, antes de qualquer tentativa de retorno. O planejamento deve levar em conta as particularidades clínicas e os fatores predisponentes. Pacientes de baixo risco também devem ser acompanhados por médicos especialistas, entretanto, possuímos maior segurança em seguir um protocolo progressivo de retorno ao esporte, conforme descrito nos estudos. No próximo tópico, explicarei o protocolo detalhado utilizado no estudo, com foco em como ele pode ser aplicado a atletas de baixo risco para garantir um retorno ao esporte seguro e eficiente. Agende sua consulta Protocolo de Retorno a Prática Esportiva Após Rabdomiólise O programa descrito para o retorno ao esporte após rabdomiólise de esforço foi dividido em quatro fases progressivas, conforme detalhado abaixo: Fase I: Duração: 2 semanas. Objetivo: Retorno às atividades de vida diária. Monitoramento: Avaliação diária por treinadores atléticos para identificar dor muscular recorrente, estado de hidratação e características da urina. Garantia de pelo menos 8 horas de sono ininterruptas por noite. Critérios de progressão: Níveis de creatina quinase (CK) menores que 5 vezes o normal (<1000 U/L). Ausência de sintomas clínicos. Exames laboratoriais dentro dos limites normais. Fase II: Duração: 5 dias de treinamento por semana. Atividades: Alongamento, aquecimento dinâmico, rolos de espuma e exercícios aeróbicos em ambiente aquático (como corrida em água rasa). Introdução progressiva de ciclismo estacionário (a partir do quarto dia). Critérios de progressão: Níveis de CK ainda dentro do limite (<1000 U/L). Ausência de sintomas durante as atividades. Fase III: Duração: 5 dias de treinamento por semana. Atividades: Introdução
Diagnóstico de Hipotireoidismo em Obesos
Você está diagnosticando corretamente o hipotireoidismo em pacientes obesos? Geralmente, suspeitamos do diagnóstico de hipotireoidismo em pacientes que apresentam sintomas clínicos compatíveis com o quadro, como fadiga, pele seca, depressão, constipação, etc. No entanto, para confirmar o diagnóstico de forma precisa, é essencial a realização de testes laboratoriais que incluem a verificação do aumento do TSH e a queda do T4 livre (T4L). E é exatamente nesse ponto que muitos médicos acabam diagnosticando de forma inadequada o hipotireoidismo em pacientes obesos. Os hormônios da tireoide regulam os níveis basais do metabolismo, termogênese e desempenham um papel importante no metabolismo. Diante disso, pacientes obesos apresentam naturalmente uma série de mecanismos tireoidianos compensatórios que podem gerar algumas alterações laboratoriais que podem se confundir com o hipotireoidismo. Inicialmente, uma dessas alterações seria justificada pelo excesso da gordura gerar um aumento da deiodinase, a enzima responsável por converter T4 em T3. Isso ocorre como uma tentativa do corpo de neutralizar o acúmulo de gordura, aumentando o gasto de energia nesses pacientes. Associado a isso, os obesos naturalmente apresentam altos níveis de leptina. A principal ação da leptina é regular a ingestão alimentar, levando a uma diminuição do apetite e da ingestão de alimentos. No entanto, a leptina também demonstrou estimular centralmente a liberação de pró-tireotropina, o que acaba aumentando os níveis de TRH e por consequência, TSH. Com isso, o obeso apresenta naturalmente um aumento do TSH e uma queda do T4L. Essa alteração, se avaliada sem considerar a individualidade do paciente, poderia erroneamente sugerir ao médico a presença do hipotireoidismo, gerando um erro diagnóstico. Para fazer um diagnóstico mais assertivo, é fundamental compreender que aumentos discretos do TSH são esperados nessa população, devendo-se corrigir esses valores pelo IMC dos pacientes. Uma proposta desta correção se encontra na tabela abaixo: TABELA Como você pode ver, quanto maior o IMC, maior é o ponto de corte para ser considerado um aumento patológico, e não fisiológico. Agora que você chegou até aqui, conta para mim, você já conhecia essas alterações laboratoriais no paciente com obesidade? Compartilhe este post com aquele seu amigo que precisa saber disso. Referências: DOI: https://doi.org/10.47391/JPMA.22-92DOI: 10.4103/2230-8210.183454 TABELA: Valor do IMC Valores Normais de TSH < 20kg/m2 0.6 a 4.8µUI/mL 20 – 24.9kg/m2 0.6 a 5.5µUI/mL 25 – 29.9kg/m2 0.6 a 5.5µUI/mL 30-39.9kg/m2 0.5 a 5.9µUI/mL > 40kg/m2 0.7 a 7.5µUI/mL