Tirzepatida e Diabetes: Eficácia e Benefícios no Controle Glicêmico e Peso Corporal Introdução
Estudo SELECT
O estudo SELECT, publicado no The New England Journal of Medicine, demonstrou que em indivíduos não diabéticos com obesidade e doenças cardiovasculares preexistentes, os, o semaglutido subcutâneo semanal numa dose de 2,4 mg foi superior ao placebo na redução da incidência de morte por causas cardiovasculares, enfarte do miocárdio não fatal, e, ou acidente vascular cerebral não fatal ao longo de um seguimento médio de 39,8 meses. Isso sugere que o semaglutida pode ter um papel na melhoria dos resultados cardiovasculares, o que poderia potencialmente se traduzir em aumento da sobrevida nessa população de pacientes. No entanto, o estudo mediu especificamente a incidência de eventos cardiovasculares como o desfecho primário, em vez de medidas diretas de mortalidade por todas as causas ou sobrevivência a longo prazo. Portanto, embora a redução dos eventos cardiovasculares seja um indicador positivo, o impacto direto do semaglutida na sobrevida global em indivíduos obesos não diabéticos ainda precisa ser totalmente elucidado. É importante notar que os eventos adversos que levaram à descontinuação permanente do medicamento experimental foram maiores no grupo semaglutido em comparação com o grupo placebo, o que indica que, embora o semaglutido possa conferir benefícios cardiovasculares, seu perfil de efeitos colaterais deve ser cuidadosamente considerado na tomada de decisão clínica. Referências 1. doi:10.1056/NEJMoa2307563.
Qual o Papel do Treino e da Dieta na Síndrome dos Ovários Policísticos?
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma patologia complexa que cursa com alterações menstruais, androgênicas, metabólicas e até infertilidade. Sabemos que múltiplas vias bioquímicas fazem parte da fisiopatologia dessa condição, sendo a resistência insulínica associada à hiperinsulinemia pontos-chave em todo esse mecanismo. Diante disso, surge o questionamento: Qual o papel da dieta e atividade física na SOP? Uma metanálise publicada no ano passado avaliando 54 estudos observacionais envolvendo 39.471 mulheres em idade reprodutiva buscou responder se mulheres com SOP apresentam hábitos alimentares diferentes aquelas sem a patologia. O resultado encontrado pelos pesquisadores foi que as mulheres portadoras da SOP apresentam uma tendência a uma ingestão alimentar mais pobre, com menor qualidade da sua dieta, apresentando um maior consumo de gordura total, especialmente poli-insaturada, além de menor consumo de vitaminas e minerais, como ácido fólico, magnésio e zinco. Mas afinal, assim como maus hábitos podem predispor à SOP, o treino e a dieta poderiam auxiliar no tratamento dessa condição? Para começar a responder essa pergunta, quero te apresentar uma metanálise da Cochrane que buscou entender qual o papel das mudanças de hábito de vida no tratamento da SOP. A partir da análise dos artigos, os pesquisadores descobriram que uma perda de 5% a 10% do peso já foi suficiente para gerar melhora dos padrões metabólicos, reprodutivos e até mesmo psicológicos (depressão e ansiedade) relacionados à SOP. Além disso, a intervenção no estilo de vida pode melhorar inclusive a questão androgênica presente nessa patologia. Existem uma série de recomendações em relação ao padrão alimentar ideal em mulheres com SOP. De forma geral, o objetivo é utilizar uma dieta com baixo índice glicêmico que corrobore com a diminuição da resistência à insulina. Uma das alternativas mais estudadas é a dieta cetogênica, com limitação do consumo de carboidratos, sendo uma alternativa eficaz para essas mulheres. Mas afinal, além da alimentação, a atividade física também pode auxiliar no tratamento da SOP? Uma metánalise que buscou compreender o papel do treino de alta intensidade no tratamento da SOP nos mostrou que a realização de HITs (90 a 95% da FC máxima), gerou melhora metabólica significativa, cursando com diminuição da resistência à insulina e índice de massa corporal (IMC). De forma a complementar esses achados, outra metanalise recente evidenciou que atividades físicas intensos, realizados no mínimo 120 minutos por semana auxiliam na melhoria do padrão metabólico, diminuindo a resistência insulínica. Além disso, treinamentos de resistência, como a musculação, no longo prazo, apresentam ainda melhora dos sintomas androgênicos. Diante de tudo isso, fica claro o papel da mudança de estilo de vida em mulheres com SOP. Comente abaixo se você já teve alguma paciente ou conhece alguém que teve SOP e como a dieta e a atividade física foram incorporadas no tratamento! Referência https://doi.org/10.3390/nu13072452 https://doi.org/10.1093/humupd/dmac023 10.1371/journal.pone.0245023 doi:%2010.3389/fphys.2020.00606 10.1002/14651858.CD007506.pub4.
Suplementação de Nitrato: Você Sabe Prescrever esse Suplemento?
Você já ouviu falar sobre a suplementação de nitrato e seu potencial para melhorar a performance esportiva? Neste post, vamos explorar em detalhes quais são os benefícios e como deve ser feita a suplementação desse nutriente. Inicialmente, devemos entender que o nitrato é um composto químico naturalmente encontrado em diversos alimentos, como em vegetais folhosos (couve, alface e espinafre), e especialmente na beterraba. No organismo, o nitrato é convertido em óxido nítrico, uma substância que desempenha papéis vitais em nossa fisiologia. O óxido nítrico, resultante do metabolismo do nitrato, atua como vasodilatador, influenciando a função muscular ao regular o fluxo sanguíneo, contratilidade muscular, glicose, cálcio, homeostase e até mesmo biogênese mitocondrial. Diante dessa complexa atuação, o aumento dos níveis de óxido nítrico nos tecidos e circulação periférica melhora o transporte e captação de oxigênio pelos músculos, aumentando o desempenho durante o exercício. Como resultado, a suplementação de nitrato pode melhorar a eficiência do sistema cardiovascular, aumentando a capacidade de exercício, o tempo até a exaustão e a distância percorrida, reduzindo o “custo” de oxigênio durante o esporte. Diante disso, a sua suplementação beneficia especialmente modalidades que demandam resistência, como corrida, ciclismo e alguns esportes em grupo, como futebol, por exemplo. Para compreender melhor quais parâmetros se beneficiariam com o uso desse suplemento, quero te apresentar os resultados de uma metanálise publicada no ano passado. Segundo o estudo, os participantes que utilizaram a suplementação de nitrato experimentaram um aumento na produção de energia, uma redução significativa no VO2, além de um aumento no tempo até a exaustão e na distância percorrida. Esses achados destacam os efeitos positivos do nitrato na otimização do desempenho esportivo. A suplementação de nitrato pode ser realizada tanto de forma aguda quanto crônica para melhorar a performance esportiva. No uso agudo, é recomendado ingerir uma dose entre 8 e 16 mmol de nitrato de 2 a 4 horas antes do exercício. Já na suplementação crônica, a dose diária varia de 4 a 16 mmol. É importante ressaltar que ainda não está bem estabelecido se o uso crônico oferece resultados superiores à ingestão aguda. Existem poucas opções comerciais de suplementos de nitrato disponíveis no mercado. Diante disso, geralmente, a beterraba é escolhida como a forma mais acessível de realizar a suplementação. Em média, a beterraba contém cerca de 1-2 mmol de nitrato a cada 100 gramas. Portanto, para atingir uma dose ergogênica de nitrato, seria necessário consumir aproximadamente 400 gramas de beterraba. Você já realizou esse tipo de suplementação em sua prática clínica? Compartilhe aqui embaixo quais foram os resultados que você observou. Referências https://doi.org/10.1186/s12970-021-00450-4https://doi.org/10.1007/s40279-022-01701-3
Suplementos promissores para o tratamento da síndrome dos ovários policísticos (SOP)
Você sabia que a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) afeta cerca de 10% das mulheresem idade reprodutiva? Apesar de comum, essa é uma doença extremamente complexa que cursa com alteraçõesmenstruais, androgênicas, metabólicas e até infertilidade. Sua etiologia combina fatoresgenéticos e ambientais, necessitando de mudanças comportamentais para um tratamentoadequado. Associado às mudanças de estilo de vida, alguns suplementos vêm se mostrando promissoresno controle dos sintomas e alterações metabólicas. Se você ou alguém próximo sofre com essacondição, continue lendo para descobrir alguns suplementos que vem sendo estudados paraajudar no tratamento dos sintomas e melhorar a qualidade de vida! Myo-inositol Uma metanálise que avaliou 10 estudos com uma amostra de 573 pacientes mostrou que o usode myo-inositol na dose de até 4g dia em relação ao placebo pode ajudar a regular os níveis deinsulina, associado a isso, outra metanálise publicada em 2021 mostrou que esse suplementoainda teria efeito positivo na diminuição do colesterol, e dos sintomas de excesso androgênicoem mulheres com SOP. Já em relação a melhora da fertilidade, uma metanálise publicada pelaCochrane mostrou que não existem evidências até o momento. Curcumina Uma metanálise publicada que avaliou uma série de estudos randomizados encontrou dadosconsistentes que a curcumina na dose de 500mg até 3 vezes ao dia foi capaz de diminuir ocolesterol total e perfil glicêmico, incluindo níveis de glicose de jejum, nível de insulina eHOMA-IR. Vitamina E e Coenzima Q10 (CoQ10) Uma metanálise que avaliou múltiplos suplementos no tratamento da SOP encontrou que asuplementação de Vitamina E na dose de 400 UI pode melhorar tanto o perfil hormonal, quantoo metabólico das pacientes com SOP. Além disso, a vitamina E foi o suplemento analisado commaior redução de testosterona total e aumento de SHBG.Esse mesmo estudo mostrou ainda que a CoQ10 na dose de 200mg sozinha ou combinadacom a vitamina E também pode ser útil para diminuir o HOMA-IR. Canela Para finalizar, uma metanálise que avaliou 289 mulheres encontrou que a utilização de canelana dose de até 1,5g por dia foi capaz de reduzir significativamente o HOMA-IR e níveis deglicose dessas mulheres. Para concluir, é importante lembrar que os suplementos mencionados são promissores notratamento da SOP, mas não substituem a prática regular de atividade física e uma alimentaçãosaudável e equilibrada. Além disso, é fundamental que qualquer tratamento seja acompanhadoe orientado por um profissional de saúde capacitado. Gostou das informações? Compartilhe com seus amigos que também possam se beneficiardeste conteúdo! Referências DOI 10.1007/s12020-017-1442-yDOI: 10.1002/14651858.CD012378.pub2.https://doi.org/10.1080/09513590.2021.1926975DOI: 10.1002/ptr.7274DOI: 10.1111/jfbc.13543
Semaglutida oral pode ser usada para o tratamento da obesidade?
A semaglutida oral tem despertado interesse como potencial tratamento para a obesidade, abrindo um novo caminho na área médica. Este composto, um análogo do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), tem como alvo os receptores GLP-1, que são cruciais na regulação do apetite, controle glicêmico e metabolismo energético. A versão subcutânea da semaglutida, conhecida como Ozempic, já é amplamente usada no tratamento da obesidade, mas surge agora a questão: será que a forma oral da semaglutida também é eficaz para este propósito? Para explorar essa possibilidade, pesquisadores conduziram um estudo robusto, duplo-cego, randomizado e de fase 3, focando no uso da semaglutida oral na dose de 50 mg diariamente. O estudo incluiu participantes sem diabetes, com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², ou com IMC de pelo menos 27 kg/m², mas com complicações relacionadas ao peso e comorbidades. Os resultados foram notáveis, apontando para uma nova abordagem terapêutica no tratamento da obesidade. Os participantes que receberam a semaglutida oral tiveram uma redução média de peso significativa, cerca de -15,1% em relação ao seu peso inicial, em contraste com apenas -2,4% no grupo que recebeu placebo. Além disso, um número maior de participantes tratados com semaglutida conseguiu alcançar reduções de peso substanciais de pelo menos 5%, 10%, 15% e até 20%, superando significativamente o grupo placebo. É importante ressaltar que a semaglutida oral foi bem tolerada pelos participantes do estudo. Apesar de alguns eventos adversos terem sido relatados, a maioria foi de natureza gastrointestinal e classificados como leves a moderados. Contudo, é crucial observar que as doses de semaglutida disponíveis comercialmente no Brasil são de até 14 mg, enquanto no estudo clínico foi utilizada uma dose de 50 mg. Essa diferença de dosagem é um fator importante a ser considerado na avaliação dos resultados e na aplicação prática. Diante dessas descobertas, fica a questão: qual é o potencial real dessa medicação no tratamento da obesidade em pacientes? Convido a discussão e reflexão sobre o impacto desses resultados no campo da medicina. Compartilhe sua opinião e experiências sobre esse estudo nos comentários abaixo! Referências https://doi.org/10.1016/S0140-6736(23)01185-6
Hipotireoidismo gera ganho de peso?
A falta de hormônios tireoidianos (hipotireoidismo) é popularmente considerada como uma causa de aumento de peso e até mesmo de obesidade. Mas será que isso realmente é verdade? E caso seja, até que ponto o hipotireoidismo colabora com o aumento do peso? Para começar a responder a essa pergunta, quero apresentar um estudo que avaliou o gasto calórico diário de indivíduos com hipotireoidismo antes e um ano após o tratamento com levotiroxina. Através da análise com calorimetria indireta, o estudo encontrou um aumento médio do gasto energético em 215 kcal/24h nos indivíduos tratados, o que, teoricamente, representaria um aumento de quase 9 quilos por ano. Entretanto, ao analisar a composição corporal pré e pós 1 ano de tratamento, os pesquisadores observaram uma perda média de 4,3 kg, sendo que, para a surpresa de todos, a maior parte desse peso não foi de gordura, mas sim de retenção líquida, possivelmente explicada pela correção do mixedema presente nos pacientes com hipotireoidismo. Diante disso, vemos que na prática, apesar do hipotireoidismo diminuir o gasto calórico diário, está associado a um aumento relativamente discreto do peso. Para entender de forma mais adequada o papel do hipotireoidismo no aumento do peso, devemos analisar se os indivíduos com hipotireoidismo, tratados adequadamente, apresentariam alterações em seu peso. Para responder a essa pergunta, uma ótima forma é avaliarmos se os pacientes que realizaram uma tireoidectomia total apresentaram alterações em seu peso após o tratamento. Para isso, quero apresentar um estudo retrospectivo que avaliou a variação do peso de 107 pacientes que realizaram tireoidectomia total e realizavam reposição de hormônio tireoidiano para alcançar um estado eutireoideo. Após a avaliação dos pesquisadores, ficou evidenciado que pacientes que realizaram tireoidectomia total, portanto, com hipotireoidismo, não apresentaram alterações significativas em seu peso quando tratados de forma adequada após um ano de tratamento. Em conclusão, embora o hipotireoidismo possa diminuir o gasto calórico diário, ele não é uma causa direta de obesidade, podendo causar um discreto aumento do peso, especialmente devido a retenção de líquidos. E você, já sabia do papel do hipotireoidismo na alteração do peso? Comenta aqui o que achou do conteúdo! Referências doi: 10.1111/ans.14421 doi:10.1210/jc.2010-1521
Como manejar o Hipotireoidismo Gestacional?
Na gestação, alterações hormonais, especialmente o aumento do HCG, podem estimular o eixo hipotálamo-hipófise-tireóide, resultando em menores concentrações de TSH, tornando assim o diagnóstico do hipotireoidismo gestacional um desafio. Caso seja manejado de forma inadequada, essa condição apresenta riscos sérios, desde aborto até complicações como pré-eclâmpsia e descolamento prematuro de placenta, sendo essencial realizar um rastreio adequado. Diante disso, é recomendado que esse rastreio seja realizado em todas as gestantes, idealmente dosando o TSH no início do primeiro trimestre de gestação. Consideramos normais os valores menores que 2,5 mUI/L. Durante a gestação, o valor de TSH para diagnóstico de hipotireoidismo é acima de 4,0 mUI/L. Valores entre 4,0 e 10,0 mUI/L diagnosticam o hipotireoidismo, porém ainda se faz necessário a solicitação do T4L para complementar a investigação. Caso o T4L se encontre em níveis normais, temos o diagnóstico de hipotireoidismo subclínico (HSC); caso se encontre abaixo dos valores de referência, o diagnóstico é de hipotireoidismo clínico (HC). Os casos de hipotireoidismo subclínico requerem tratamento com levotiroxina (LT4) em dose inicial de 1 mcg/kg/dia. Já no hipotireoidismo clínico, a dose inicial é de 2 mcg/kg/dia. Caso o TSH se encontre entre 2,5 e 4,0 mUI/L, o caminho é um pouco diferente. Devemos realizar a dosagem do ANTI-TPO. Caso esteja positivo, devemos tratar com 50 mcg/dia de levotiroxina, caso negativo, não é necessário tratamento. Você já conhecia esse fluxograma de manejo do hipotireoidismo gestacional? Então comente aqui embaixo o que achou deste conteúdo! Referências: FEBRASGO POSITION STATEMENT: Rastreio, diagnóstico e manejo do hipotireoidismo na gestação.
Qual a melhor estratégia para manter a perda de pesos em indivíduos obesos?
Manter a perda de peso alcançada após um período de dieta hipocalórica é um dos grandes desafios de quem sofre de sobrepeso ou obesidade. É muito comum que após uma diminuição acentuada do percentual de gordura, ocorra um reganho muitas vezes até mesmo superior a queda inicial, situação popularmente chamada de efeito sanfona. É fato que a melhor estratégia de diminuição e manutenção de peso é a utilização de uma dieta hipocalórica. Entretanto, na prática observamos que se manter nessa condição por longos períodos é um grande desafio para alguns pacientes! Sabendo disso, Lunddrgren e sua equipe decidiram elaborar um ensaio clínico randomizado em um grupo de indivíduos obesos que passaram por um processo de grande redução de peso. Os pesquisadores selecionaram um grupo de 195 indivíduos que após 8 semanas de dieta hipocalórica haviam perdido em média 13,1 Kg. A partir disso, compararam algumas estratégias a fim de avaliar quais seriam as mais eficazes na manutenção desse peso ao longo de um ano. Os pesquisadores dividiram os voluntários em 4 grupos: O primeiro grupo seria estimulado a realizar um programa de treinamentos de moderada intensidade em média 3x por semana. O segundo grupo utilizaria Liraglutida até a dose máxima de 3 mg por dia. O terceiro grupo, realizaria a combinação terapêutica de medicação e exercícios. Já o quarto grupo, seria submetido a medicação placebo sem intervenções adicionais. Vale ressaltar que todos os grupos foram submetidos a 12 consultas ao longo de um ano, onde foi fornecido suporte dietético. Durante um ano de intervenção, os pesquisadores analisaram mensalmente uma série de fatores a fim de compreender quais ações haviam sido mais efetivas na manutenção do peso! O grupo placebo, ou seja, que se manteve apenas com a dieta, teve um reganho médio de cerca de 6,1Kg ao longo de um ano, evidenciando a dificuldade da manutenção do peso em indivíduos que utilizam apenas a dieta como medida de manutenção do seu peso. Os indivíduos que praticaram exercícios físicos após um ano apresentaram um reganho de 2Kg, entretanto, houve uma redução adicional de cerca de 1,8% de gordura. Ou seja, esse ganho de peso se referiu na verdade ao ganho de massa muscular e não de gordura. Já o grupo Liraglutida apresentou uma queda adicional de 0,7Kg, com uma diminuição de 1,6% no percentual de gordura. Sendo assim, apesar da medicação gerar uma maior diminuição de peso, a prática de exercícios físicos se mostrou mais efetiva que a Liraglutida na redução do percentual de gordura no longo prazo. Por fim, os indivíduos que praticaram atividade física associada a utilização de Liraglutida apresentaram uma queda adicional de 3,4 Kg e -3,5% de gordura. A partir dos dados observados, fica evidente que apenas orientações dietéticas não são efetivas na manutenção da perda de peso na grande maioria dos indivíduos obesos. Sendo assim, terapias adjuvantes devem ser utilizadas nessa população. Entretanto, como evidenciado pelo trabalho, medicações não são a única medida efetiva para esse processo, apenas a prática de atividade física já se mostrou eficaz na manutenção da composição corporal! Comenta aqui embaixo o que você achou desse estudo! Referências DOI: 10.1056/NEJMoa2028198
Beta-hydroxy-beta-methylbutyrate (HMB) gera hipertrofia?
Beta-hydroxy-beta-methylbutyrate, também chamado de HMB, é um metabólito da leucina, um dos aminoácidos essenciais, comercializado como suplemento alimentar com o intuito de aumento de massa magra e diminuição do percentual de gordura. Estudos nos mostram que ele possui ação no aumento da integridade da membrana celular dos miócitos, além de reduzir a degradação da proteína dos músculos. Além disso, estudos recentes mostram que esse suplemento atua também no aumento do IGF1 e MTOR quinase, mecanismos fundamentais para a hipertrofia muscular. Diante de seu mecanismo de ação, surge a pergunta, o HMB pode entrar como uma estratégia na suplementação de indivíduos que desejam melhora da composição corporal? Para responder a essa pergunta, Brett e sua equipe realizaram uma metánalise avaliando o efeito do uso diário de 3g/dia de HMB em indivíduos jovens treinados. Para o desapontamento daqueles que utilizam esse suplemento, o grupo de pesquisadores concluíram que ele não tem efeito no ganho de massa muscular. Já em relação ao percentual de gordura, se observou uma tendência de diminuição discreta, porém sem significância estatística. Apesar dos benefícios em atletas não se terem comprovado, Hongmei Wu e sua equipe decidiram realizar uma metánalise avaliando uma população diferente. Os pesquisadores analisaram uma série de estudos que selecionou idosos, portadores ou não de doenças incapacitantes para o teste. O estudo mostrou que a suplementação de HMB na dose de 3g/dia foi efetivo em relação ao placebo em preservar a massa muscular dessa população. Diante dos dados levantados os pesquisadores concluíram que a suplementação de HMB pode ser útil na prevenção da atrofia muscular induzida por exemplo pelo repouso no leito. Diante desse dado, Javier e equipe decidiram avaliar uma nova variável. Idosos, submetidos a um programa de exercício físico, associado ou não a HMB, poderiam apresentar um ganho pelo uso desse suplemento? Para responder a essas perguntas, o grupo de pesquisadores realizou uma nova metánalise, comparando agora dois grupos: Agora, todos os indivíduos analisados eram idosos submetidos a um programa de exercícios físicos, dividindo-os em grupo controle e em uso de HMB. Os resultados encontrados pelos pesquisadores foram de que a suplementação de HMB não gerou uma melhoria superior ao exercício físico isolado em nenhum dos desfechos analisados. Diante disso, ficou concluído que o uso de HMB é proveitoso apenas naqueles indivíduos que não estão aptos a praticar programas de treinamento físico, como idosos acamados, por exemplo. A partir dessa série de estudos, fica evidente que o HMB pode ser utilizado como terapêutica complementar em indivíduos que por questões de saúde não podem praticar atividades físicas. Entretanto, ficou evidente que em praticantes de musculação, não existe indicação de uso dessa suplementação. Referências DOI: 10.1519/JSC.0000000000003461 DOI: 10.2478/hukin-2019-0070 DOI: 10.3390/nu11092082 DOI: 10.1016/j.archger.2015.06.020