SARMs são medicamentos seguros? Venha conhecer as evidências!

Esteróides anabólicos androgênicos são medicações que vêm sendo utilizadas há décadas para uma série de condições clínicas, historicamente sido utilizada para o tratamento de condições que vão desde osteoporose até caquexia, por exemplo.  Entretanto, esse tipo de medicação possui a característica de se ligar sem restrições aos nossos receptores androgênicos. Por conta disso, o paciente usuário de EAAs pode sofrer com uma série de efeitos colaterais, como por exemplo alterações de humor, dislipidemia, aumento de hematócrito e até mesmo alterações prostáticas. Diante disso, recentemente uma nova categoria de medicações chamada de SARMs foi desenvolvida com a promessa de conseguir atuar de forma seletiva nos receptores de androgênio, sendo capaz de estimular predominantemente o músculo esquelético, sem atuar em receptores presentes na próstata ou células hematológicas, por exemplo. Diante dessa promessa, uma série de pessoas passaram a utilizar esse tipo de medicação com o intuito de obter ganhos de massa muscular, com a ideia de estar livre do risco de efeitos colaterais dos EAAs. Mas será que isso realmente faz sentido? Para responder essa pergunta, primeiramente precisamos compreender que dezenas de SARMS foram desenvolvidos nas últimas décadas, entretanto, apenas 2 ou 3 desses realmente conseguiram se mostrar seguros o suficiente para serem testados em humanos. Dentre aqueles que chegaram a testes clínicos, o Ligandrol (LGD-4033) e o Ostarine (Enobosarm) foram os mais promissores. Sabendo disso, quero te apresentar dois estudos feitos em humanos com essas medicações. O primeiro estudo que discutiremos, foi realizado com 76 homens saudáveis que consumiram 1 mg por dia de ligandrol vs placebo, por 21 dias. Esse estudo buscou avaliar qual seria o papel dessa medicação na mudança de composição corporal e em alguns padrões gerais de saúde. O estudo evidenciou um aumento de em média 1,2 Kg de massa muscular nessa população, sem alteração da massa gorda. Entretanto, mesmo com a utilização por um curto período de tempo, houve a inibição da produção endógena de testosterona e diminuição do HDL. Já outro estudo realizado com o Ostarine, buscou avaliar a efetividade dessa medicação no combate da caquexia. Para isso, foi avaliado um grupo de 159 pacientes com câncer por um período de até 113 dias, utilizando diariamente doses diárias entre 1 e 3mg da medicação. Após esse período de quase 4 meses, os pacientes apresentaram um ganho médio de 1,25 kg de massa magra em relação ao placebo. Nesse pequeno estudo não foram identificados efeitos colaterais da medicação. Vale ressaltar que os estudos com SARMs são muito pequenos e com conclusões extremamente limitadas. Apesar disso, os dados preliminares dos trials que te apresentei e de outros que vêm sendo realizados, nos mostram que o potencial anabólico dos SARMs é cerca de um quarto dos esteróides convencionais utilizados atualmente. Além disso, os efeitos colaterais de curto e especialmente longo prazo dessas medicações são extremamente especulativos, com poucas evidências até o momento. Sendo assim, não existe segurança clínica para prescrição dessas medicações. Por fim, é necessário relembrar que atualmente é proibida a comercialização de SARMs fora de um ambiente de pesquisa. Sendo assim, toda medicação vendida como SARM é automaticamente do mercado paralelo. Só para se ter uma ideia desse risco, um estudo que avaliou a composição de 44 dessas medicações comercializadas, identificou que 60% delas eram falsas. Diante de tudo isso, fica claro que até o momento os SARMS são caros, com grande potencial de riscos. Sabendo disso, o que você pensa sobre a utilização dos SARMs? Referências 10.1016/S1470-2045(13)70055-X 10.1093/gerona/gls078

Você já ouviu falar da síndrome MOSH?

A produção de testosterona é controlada a partir do que chamamos de eixo Hipotálamo-Pituitária-Testículo (eixo HPT). Em indivíduos normais, o hipotálamo atua produzindo um hormônio chamado de GnRH o qual estimula a hipófise a produzir de LH e FSH. Esses dois hormônios, por sua vez, atuam diretamente no testículo estimulando a produção de testosterona e espermatozoides. Em situações em que o hipogonadismo é causado por uma disfunção testicular, temos aquilo que chamamos de hipogonadismo primário. Por sua vez, caso exista algum fator externo ao testículo inibindo a produção de GnRh ou LH, desenvolvemos um quadro de hipogonadismo secundário. A síndrome MOSH também chamada de Male Obesity Associated Secondary Hypogonadism nada mais é do que uma condição clínica em que o homem desenvolve um quadro de hipogonadismo secundário ao quadro de obesidade. A fisiopatologia que explica essa condição é extremamente complexa e envolve uma série de vias metabólicas. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que a causa principal desse distúrbio fosse devido ao excesso de gordura aumentar a conversão de testosterona em estrogênio; e, com isso, o aumento do estrogênio realizar uma inibição do eixo HTP. Apesar de esse mecanismo fazer parte da fisiopatologia da doença, sabemos hoje que outros fatores contribuem com a gênese da síndrome. Como por exemplo, pacientes obesos apresentam um aumento de um hormônio chamado de leptina, a qual age inibindo a pulsatilidade do hormônio LH; e, por consequência, diminui a produção de testosterona. Além disso, outros mecanismos envolvendo a diminuição da ligação do SHBG fazem parte do quadro. Sendo assim, o homem com síndrome de MOSH apresenta um quadro de hipogonadismo secundário (ou seja, testosterona e LH baixos) associado a obesidade. Um ponto que deve ser destacado nessa doença, é que em boa parte dos casos o quadro de hipogonadismo pode ser totalmente revertido com a perda de peso. Sendo assim, frente a esse diagnóstico, além de tratarmos incialmente o quadro com testosterona ou mesmo clomifeno, o início de uma dieta adequada associada a treinamento físico é algo fundamental, uma vez que essas medidas contribuirão com a resolução do fator causal da patologia. Você já tinha ouvido falar dessa síndrome? Então comenta aqui embaixo o que achou do post! Referências 10.1038/s41366-018-0105-2 10.1530/EJE-21-0473 10.1530/EJE-12-0955

A Levedura de Arroz Vermelho pode substituir as estatinas?

Atualmente os medicamentos mais utilizados em pacientes com altos níveis de LDL são as estatinas, como a sinvastatina ou rosuvastatina, por exemplo. Apesar de ser um tratamento seguro, o uso dessas medicações está relacionado a casos frequentes de mialgia além de aumento de marcadores de lesão hepática como TGO e TGP, por exemplo. Pensando nisso, uma série de compostos alternativos vêm sendo estudados para utilização no tratamento de pacientes com LDL elevado. Dentre essa esses compostos, temos a Levedura de Arroz Vermelho como uma daquelas com maior potencial terapêutico. Ensaios clínicos e metanálises já nos mostraram que essa alternativa é eficaz em diminuir os níveis de LDL, mas surge o questionamento: A levedura de Arroz vermelho é capaz de diminuir o risco cardiovascular, assim como as estatinas? Para responder a essa pergunta, Sungthong e sua equipe elaboraram uma metanálise que revisou uma série de estudos que avaliaram a eficácia da levedura de arroz vermelho na dose de 1200 mg/dia em diminuir desfechos cardiovasculares em pacientes pós IAM com hipercolesterolemia limítrofe. A conclusão do estudo foi que além de diminuir os níveis de LDL, a suplementação também foi capaz de diminuir a incidência de eventos e do risco cardiovascular. Sabendo que a levedura de arroz vermelho vem se provando eficaz, surge a necessidade de avaliar se o seu uso é também seguro; e, além disso, compreender se os efeitos adversos são menores que os encontrados nas estatinas. Para encontrar essa resposta, Fogaccia e sua equipe avaliaram em sua meta-análise 53 ensaios clínicos com uma amostra de mais de 8.500 pacientes. O estudo concluiu que a terapia é segura e muito bem  tolerada, inclusive durante longos períodos de tratamento. Além disso, um ponto notório que se comprovou é que diferente das estatinas, a levedura de arroz vermelho não está associada com aumento da incidência de efeitos adversos musculares. Pelo contrário, o estudo sugeriu que o nutracêutico em questão atua de forma protetora nesses sintomas. Diante disso, os estudos nos mostram que essa terapêutica alternativa pode ser utilizada para tratar a dislipidemia em população geral com risco de doença cardiovascular, especialmente em pacientes intolerantes a estatinas. Você já conhecia essa opção nos casos de dislipidemia? Comenta aqui embaixo o que achou! Referências DOI: 10.1016/j.phrs.2019.02.028 DOI: 10.1038/s41598-020-59796-5

O uso de Anti-inflamatórios prejudica a hipertrofia?

Sabemos que o exercício físico resistido induz inflamação, situação necessária para gerar remodelação tecidual e consequentemente hipertrofia. Por sua vez, os medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como o ibuprofeno, por exemplo, atuam inibindo a enzima COX; e, com isso, bloqueiam a produção de uma série de mediadores pró-inflamatórios que atuam no processo de inflamação tecidual. Diante disso, surge a questão: O uso de AINEs realmente pode atrapalhar a hipertrofia muscular? Para responder essa pergunta, Lilja e sua equipe realizaram um ensaio clínico randomizado com 35 indivíduos jovens submetidos a uma rotina de treinamento resistido supervisionado. Os pesquisadores dividiram de forma randomizada os voluntários em dois grupos, onde foi comparado os efeitos do uso de 1,2g de ibuprofeno em relação ao uso de 75 mg de Ácido Acetil Salicílico, diariamente, por 8 semanas. Após esse período, foi realizada uma biópsia muscular do vasto lateral de todos os voluntários de modo a se avaliar uma série de mediadores necessários no processo de hipertrofia tecidual. Além disso, antes e após o experimento, foi realizado uma ressonância magnética de cada indivíduo, de modo a quantificar os ganhos musculares. A partir disso, os pesquisadores concluíram que o uso diário de ibuprofeno atua atenuando força e adaptações hipertróficas musculares em jovens adultos. Sendo assim, indivíduos que desejam obter um maior rendimento e crescimento muscular devem evitar a ingestão excessiva de drogas anti-inflamatórias. Vale ressaltar, que o uso agudo e ocasional desses medicamentos, não prejudica significativamente o processo de hipertrofia muscular. Isso se deve ao fato de que o processo de hipertrofia muscular ocorra a partir de uma resposta adaptativa crônica ao treinamento resistido. Por fim, um ponto que deve ser considerado é que a necessidade do uso diário de anti-inflamatórios pode sugerir a presença de alguma patologia, ou mesmo, uma prescrição inadequada de treinamento. Sendo assim, é importante que na presença de qualquer dor muscular ou tendínea duradoura, seja realizado um acompanhamento médico a fim de se compreender a causa da dor; e, com isso, ser realizado o tratamento definitivo da condição. Referências DOI: 10.5007/1980-0037.2011v13n4p320 DOI: 10.1111/apha.12948

Atletas Podem usar Pílula Anticoncepcional?

O uso de anticoncepcional oral (ACOs) como método contraceptivo ou mesmo com intuito de controlar ou tratar patologias é algo extremamente comum no público feminino. Essa realidade não é diferente em atletas, sendo que em uma auditoria realizada em 2018 com 430 atletas de elite foi constatado que 49% dessas mulheres utilizavam um método anticoncepcional hormonal. Associado a isso, sabemos que o ciclo hormonal feminino fisiológico é marcado por variações hormonais constantes, gerando picos e vales de progesterona e estrogênio ao longo dos dias. Estudos sugerem que essa variação hormonal seja capaz de gerar discretas alterações no desempenho de atletas, como por exemplo, diminuição desempenho aeróbico durante a fase lútea tardia e do desempenho anaeróbico na fase folicular tardia. Por outro lado, em mulheres que utilizam anticoncepcional oral, esses picos e vales hormonais fisiológicos são inibidos através de um feedback negativo realizado pela medicação. Diante dessa alteração hormonal surge a questão: O uso de anticoncepcional seria capaz de interferir no desempenho de atletas? Para responder essa pergunta Kirsty e colaboradores em sua metánalise avaliaram 42 estudos diferentes, com intuito de entender se as alterações hormonais geradas pela pílula seriam capazes de beneficiar ou prejudicar as atletas estudadas. O grupo de pesquisadores encontrou de um modo geral que a utilização do anticoncepcional hormonal age de forma negativa na performance esportiva. Acredita-se que isso se deva ao fato do uso de ACO suprimirem a produção endógena dos hormônios femininos, fazendo com que as concentrações de estradiol e progesterona endógenos se encontrem significativamente diminuídos quando comparadas com os níveis fisiológicos. Vale ressaltar que essas alterações de performance foram extremamente sutis, fazendo com que as implicações na realidade sejam tão pequenas a ponto de serem triviais e, portanto, não significativas para a maioria da população. Por outro lado, o uso de ACOs foi capaz de gerar um aumento substancial no desempenho esportivo de mulheres que sofriam de dismenorreia e hiper fluxo menstrual. Uma vez que inibindo a menstruação dessas mulheres com a utilização de anticoncepcional contínuo, o quadro clínico de dor e os desconfortos gerados pela menstruação foram solucionados, proporcionando melhora na performance. Diante disso, podemos concluir que o uso de ACOs pode ser capaz de interferir na performance esportiva, entretanto, pensando em nível populacional, essa alteração é tão sutil que passaria despercebido na maioria das mulheres. Por outro lado, em situações em que há a indicação clínica da medicação, o desempenho poderia ser inclusive aumentado. Sendo assim, mulheres que desejam alcançar uma alta performance devem realizar uma escolha pelo método a partir de uma avaliação conjunta com seu médico de confiança afim de discutirem os riscos e benefícios da medicação. Caso queira saber mais sobre o assunto, temos um texto completo sobre os efeitos do anticoncepcional no ganho de peso, basta clicar aqui! Referências: doi: 10.1007/s40279-020-01317-5. doi:  10.3390/ijerph18041667

Alopecia androgênica: Existe tratamento?

A alopecia androgênica é um distúrbio que consiste na perda de cabelo devido a ação do hormônio diidrotestosterona (DHT). O DHT é formado a partir da conversão da testosterona pela enzima 5 alfa redutase, sendo um processo fisiológico em nosso corpo. A partir disso, o hormônio atua entre outras coisas induzindo a miniaturização dos folículos capilares, gerando em última análise queda de cabelo progressiva. Essa conversão hormonal de testosterona em DHT é algo normal e fisiológico, tornando a alopecia androgênica uma doença extremamente comum, acometendo homens e mulheres, atingindo cerca de 58% dos homens acima dos 50 anos. Além disso, sabe-se que indivíduos pré-dispostos podem ter queda de cabelo acelerada quando em uso exógeno de testosterona, seja em TRT ou mesmo em uso de doses supra fisiológicas. A partir disso, sendo essa uma doença comum que apesar de benigna interfere na estética e autoestima masculina e feminina, estudar tratamentos efetivos para o tratamento dessa patologia se faz algo necessário. Pensando nisso, hoje vou te apresentar os resultados de 3 meta análises que avaliaram a eficácia de uma série de medicamentos no tratamento da alopecia androgênica. Uma série de medicamentos se provaram eficazes no tratamento da alopecia androgênica e o primeiro que falaremos aqui hoje é o uso tópico de Minoxidil 5% na população masculina e 2% na feminina.  Essa droga atua estimulando a microcirculação em torno do folículo piloso e com isso promove crescimento capilar. Outro grupo de drogas estudadas são os inibidores da enzima 5 alfa redutase como a finasterida e a dutasterida. Devido ao seu potencial de diminuir a conversão da testosterona em DHT, elas são capazes de atenuar a queda capilar. Além disso, estudos iniciais sugerem que o Saw Palmetto também seria capaz de diminuir a queda capilar pelos mesmos mecanismos fisiopatológicos já citados. Vale ressaltar que os inibidores da 5 alfa redutase podem ser utilizadas no tratamento selecionado de alguns pacientes que realizam o uso de testosterona e apresentam o quadro de alopecia androgênica, uma vez que auxiliaram na diminuição do DHT. Entretanto, é importante saber que eles se tornam ineficazes no tratamento em usuários de medicações derivadas do DHT, como oxandrolona, por exemplo, uma vez que essas medicações não são convertidas pela enzima 5 alfa redutase. Para finalizar, ainda existem estudos evidenciando uma série de outras terapias como eficazes, entre elas vale ressaltar a terapia a laser de baixo nível, injeção de plasma rico em plaquetas e ainda a medicação bimatoprost. A partir disso, observamos que o tratamento da alopecia androgênica pode ser realizado de diversas formas distintas. A escolha terapêutica deve ser realizada a partir de uma avaliação médica e discussão entre médico e pacientes dos riscos e benefícios entre cada uma dessas terapias. Referências: 10.1080/09546634.2020.1749547 10.1016/j.jaad.2017.02.054 10.1097/DSS.0000000000001894 10.1159/000509905

Você vai engordar se usar Anticoncepcional?

Essa é uma frase que toda mulher já escutou em algum momento! Entretanto, será que isso realmente ocorre? E se ocorre, quais são as razões para esse tipo de acontecimento? Para entendermos isso, primeiramente eu preciso te explicar quais substâncias podem fazer parte de um anticoncepcional oral combinado (ACO). Esse tipo de medicamente possui um estrogênio, geralmente o Etinilestradiol (EE), acompanhado de uma progestina. Essa progestina é rotineiramente sintetizada pela indústria farmacêutica a partir de 3 substratos principais: Testosterona, Progesterona e Aldosterona, sendo assim, existem diversas combinações de progestinas que podem acompanhar o EE. E é especialmente por conta disso que os efeitos colaterais podem variar tanto de um anticoncepcional para outro. Teoricamente, o EE possui um certo potencial glicocorticoide, auxiliando na retenção líquida e potencialmente gerando um leve aumento de peso. Entretanto, as progestinas, podem possuir os efeitos mais variados, atuando desde com um potencial androgênico, antiandrogênico, glicocorticoide a até mesmo uma ação antimineralocorticoide. Esse último, em teoria, auxiliaria inclusive na diminuição da retenção líquida, gerando em certo grau, perca de peso.  Após essa introdução baseada no mecanismo teórico, vamos para os estudos que avaliam o desfecho clínico desse tipo de medicação. Uma metanálise realizada por Maria Gallo e sua equipe avaliou estudos comparando mais de 52 métodos contraceptivos distintos e sua correlação com o peso. A conclusão do estudo foi que nenhum grande efeito dos ACOs sobre o peso, foi evidente. Quando analisamos subpopulações, como mulheres obesas, ou mesmo atletas por exemplo, os resultados são similares. Estudos duplo cego e randomizados realizados nessas subpopulações nos mostram que EE associado a Levonorgestrel não atuam na mudança de peso, composição corporal ou alteração de desempenho físico dessas mulheres. Por outro lado, existem evidências que certos anticoncepcionais podem sim interferir de forma leve no peso. Um estudo comparando a utilização de ACO com EE associado a Drospirenona (DRSP) vs Acetato de Clormadinona (CMA) mostrou que as mulheres que usaram CMA ganharam em média 1 kg e as que usaram DRSP perderam em média 0,4 kg após 6 semanas. Essa diferença em relação ao peso inicial pode ser dar devido a DRSP possuir uma ação antimineralocorticoide, a qual provavelmente auxiliou na diminuição da retenção líquida. Já o CMA possui ação inversa, aumentando a retenção líquida. A partir do apresentado, concluímos que em geral, ACO não está relacionado ao aumento de peso. Entretanto, é provável que certas medicações possam contribuir sim com aumento leve do peso, enquanto outras podem inclusive em certo grau contribuir com a sua redução. Sendo assim, torna-se claro que o mais adequado é escolha conjunta entre médico e paciente pela melhor combinação de ACO, a fim de se alcançar o resultado esperado com um menor nível de colaterais. Caso queira saber mais sobre o assunto, temos um texto completo sobre os efeitos do anticoncepcional no ganho de peso, basta clicar aqui! Referências DOI: 10.1089/jwh.2012.4241 10.1002/14651858.cd003987.pub5  doi:10.1055/a-0985-4373  https://doi.org/10.1080/13625187.2019.1688290

O nível da sua testosterona pode estar ligado ao aumento risco de desenvolvimento de Alzheimer ou Demência?

Nas últimas décadas a prevalência de Alzheimer e outros tipos de deficiência cognitiva vem aumentando ao redor do mundo. As causas envolvidas no desenvolvimento desse tipo de patologia são extremamente variadas, sendo que muitas ainda são desconhecidas. Associado a isso, atualmente sabemos que os hormônios sexuais possuem um efeito significativo na função cognitiva, especialmente em idosos. Associando essas informações, Wenshan e colaboradores se questionaram: “Baixos níveis plasmáticos de testosterona possuem relação com o desenvolvimento da doença de Alzheimer?” Para responder esse questionamento, o grupo de pesquisadores realizou uma meta-análise sobre o assunto. Para selecionar os artigos a serem estudados os pesquisadores filtraram por apenas estudos de Coorte prospectivo chegando a uma amostra de 5251 homens e 240 casos da doença. Os resultados encontrados nos sugerem que realmente baixos níveis de testosterona no plasma estão significativamente associados a um risco aumentado de Doença de Alzheimer em homens idosos, além de um maior risco de pior função cognitiva. Além disso, Zhang e colaboradores, de forma similar, analisaram através de outra meta-análise a correlação entre baixos níveis de testosterona e casos de demência em geral. Os resultados encontrados sugerem que níveis baixos de testosterona estão associados ao aumento de risco de demência por todas as causas. A partir desses estudos, fica evidente o papel da testosterona em níveis fisiológicos para manutenção não apenas da saúde osteomuscular, mas também da saúde mental do homem, especialmente idoso. Você já conhecia essas correlações? Comenta aqui embaixo o que achou! Referências Low Testosterone Level and Risk of Alzheimer’s Disease in the Elderly Men: a Systematic Review and Meta-AnalysisDOI: 10.1007/s12035-015-9315-y Testosterone and Cognitive Impairment or Dementia in Middle-Aged or Aging Males: Causation and Intervention, a Systematic Review and Meta-AnalysisDOI: 10.1177/0891988720933351

Tribulus Terrestris é Capaz de aumentar a testosterona?

A demanda por compostos naturais como alternativas para o aumento da testosterona vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Uma série de suplementos e fitoterápicos vem se popularizando no mercado sendo o Tribulus Terrestris um dos mais utilizados. Mas será que o Tribulus Terrestris realmente é eficaz em aumentar a testosterona? Para responder essa pergunta, precisamos analisar o que os artigos de maior evidência cientificam relatam a respeito disso. Uma metanálise realizada por Sha’ari e colaboradores veio para esclarecer o papel do Tribulus Terrestris nas mulheres. O grupo de pesquisadores concluiu, a partir da revisão de 20 estudos clínicos, que esse fitoterápico possui um efeito positivo na melhoria geral da função sexual feminina, sendo eficaz no aumentando do desejo sexual dessa população. Além disso, Borrelli e colaboradores realizaram uma meta análise a fim de compreender o papel do Tribulus Terrestris e outras ervas no homem, focando no papel desses fitoterápicos no tratamento da disfunção erétil. Entretanto, apenas dois estudos foram avaliados, chegando a resultados com baixo nível de evidência. A partir de um Trial com 172 homens, sugere-se que a utilização desse fitoterápico é superior ao placebo no tratamento da disfunção erétil. Apesar de poucos estudos analisando esse fitoterápico, podemos observar uma tendência de que o Tribulus Terrestris possui um potencial de aumento da libido. Mas e em relação a testosterona, o que as evidências nos mostram?  Para responder a essa pergunta, precisaremos recorrer aos poucos estudos duplos cegos e randomizados publicados até o momento. Um estudo piloto coordenado por Roaiah e colaboradores avaliou a utilização de 750mg/dia de Tribulus Terrestris em um grupo de 30 homens idosos com deficiência parcial de andrógenos. A partir disso, observou-se um aumento discreto nos níveis de testosterona total e livre, porém sem relevância significativa no aumento dos níveis de LH e FSH. Em contrapartida, outro Trial realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores, mas agora em 30 homens com infertilidade inexplicada, encontrou que a utilização do fitoterápico não interferiu nos níveis séricos de testosterona. A partir desse grupo de estudos, observamos que a utilização de Tribulus Terrestris para aumento de testosterona não é algo suportado pela literatura atual. Entretanto, isso não significa que esse fitoterápico não possa ter utilizações clínicas. O Tribulus Terrestris vem se mostrado eficaz no aumento da libido em certas situações, podendo ser empregado eventualmente em estratégias terapêuticas. Referências 10.1016 / j.phymed.2021.153760 (Beneficial effects of natural products on female sexual dysfunction: A systematic review and meta-analysis) 10.1007 / s40265-018-0897-3 (Herbal Dietary Supplements for Erectile Dysfunction: A Systematic Review and Meta-Analysis) 10.1080/0092623X.2015.1033579 (Pilot Study on the Effect of Botanical Medicine (Tribulus terrestris) on Serum Testosterone Level and Erectile Function in Aging Males With Partial Androgen Deficiency (PADAM)) 10.1080/19390211.2016.1188193 (Prospective Analysis on the Effect of Botanical Medicine (Tribulus terrestris) on Serum Testosterone Level and Semen Parameters in Males with Unexplained Infertility)

Reposição de Testosterona Aumenta o Risco Cardiovascular?

É fato que níveis baixos de testosterona estão diretamente correlacionados a uma série de distúrbios, como, por exemplo, síndrome metabólica, obesidade visceral e redução de massa muscular. A partir disso, a população com hipogonadismo rotineiramente apresenta também um maior risco cardiovascular (RCV). Associado a esse cenário, existe um grande misticismo em relação à utilização de testosterona gerar um aumento do risco cardiovascular. Sendo assim, surge a questão: A reposição de testosterona é segura em relação ao RCV? E mais, ela é capaz de aumentar ou diminuir esse risco em determinadas populações? Foi a essas perguntas que uma meta-análise publicada em 2018, na revista International Society for Sexual Medicine, tentou nos responder. O grupo de pesquisadores, após extensa análise, avaliou um total de 15 estudos farmacoepidemiológicos e 93 estudos randomizados, chegando a algumas conclusões interessantes. Ao se avaliar exclusivamente os estudos farmacoepidemiológicos, chegamos à conclusão de que a reposição de testosterona não seria apenas segura, mas também seria capaz de reduzir a mortalidade geral e morbidade cardiovascular. Ao avaliarem os estudos randomizados, a conclusão foi similar, mostrando que a reposição de testosterona é sim segura em relação ao risco cardiovascular. Entretanto, ela não se mostrou como fator protetor na população em geral. Esse achado é corroborado por um estudo recente do NEJM, randomizado e duplo cego, envolvendo 5246 homens com hipogonadismo e alto risco de doença cardiovascular, que examinou a segurança cardiovascular da terapia de reposição de testosterona. Os participantes receberam gel de testosterona ou placebo, com o objetivo principal de avaliar eventos cardiovasculares maiores. O tratamento médio foi de aproximadamente 22 meses, com seguimento médio de 33 meses. Os resultados mostraram que a terapia com testosterona não interferiu de com significância estatística no risco cardiovascular, sugerindo que a reposição de testosterona é sim segura, mas possivelmente não é capaz de diminuir risco cardiovascular, ao menos, em paciente com alto risco. Entretanto, um ponto interessante deve ser relatado. Ao se avaliar a segurança do uso crônico de níveis suprafisiológicos de testosterona, foi encontrado um aumento de risco cardiovascular. Sendo assim, a sobredosagem de testosterona deve ser cuidadosamente evitada, especialmente em populações de maior RCV. Referências DOI: 10.1016/j.jsxm.2018.04.641 DOI: 10.1056/NEJMoa2215025