O uso de Anti-inflamatórios prejudica a hipertrofia?

Sabemos que o exercício físico resistido induz inflamação, situação necessária para gerar remodelação tecidual e consequentemente hipertrofia. Por sua vez, os medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como o ibuprofeno, por exemplo, atuam inibindo a enzima COX; e, com isso, bloqueiam a produção de uma série de mediadores pró-inflamatórios que atuam no processo de inflamação tecidual. Diante disso, surge a questão: O uso de AINEs realmente pode atrapalhar a hipertrofia muscular? Para responder essa pergunta, Lilja e sua equipe realizaram um ensaio clínico randomizado com 35 indivíduos jovens submetidos a uma rotina de treinamento resistido supervisionado. Os pesquisadores dividiram de forma randomizada os voluntários em dois grupos, onde foi comparado os efeitos do uso de 1,2g de ibuprofeno em relação ao uso de 75 mg de Ácido Acetil Salicílico, diariamente, por 8 semanas. Após esse período, foi realizada uma biópsia muscular do vasto lateral de todos os voluntários de modo a se avaliar uma série de mediadores necessários no processo de hipertrofia tecidual. Além disso, antes e após o experimento, foi realizado uma ressonância magnética de cada indivíduo, de modo a quantificar os ganhos musculares. A partir disso, os pesquisadores concluíram que o uso diário de ibuprofeno atua atenuando força e adaptações hipertróficas musculares em jovens adultos. Sendo assim, indivíduos que desejam obter um maior rendimento e crescimento muscular devem evitar a ingestão excessiva de drogas anti-inflamatórias. Vale ressaltar, que o uso agudo e ocasional desses medicamentos, não prejudica significativamente o processo de hipertrofia muscular. Isso se deve ao fato de que o processo de hipertrofia muscular ocorra a partir de uma resposta adaptativa crônica ao treinamento resistido. Por fim, um ponto que deve ser considerado é que a necessidade do uso diário de anti-inflamatórios pode sugerir a presença de alguma patologia, ou mesmo, uma prescrição inadequada de treinamento. Sendo assim, é importante que na presença de qualquer dor muscular ou tendínea duradoura, seja realizado um acompanhamento médico a fim de se compreender a causa da dor; e, com isso, ser realizado o tratamento definitivo da condição. Referências DOI: 10.5007/1980-0037.2011v13n4p320 DOI: 10.1111/apha.12948

Atletas Podem usar Pílula Anticoncepcional?

O uso de anticoncepcional oral (ACOs) como método contraceptivo ou mesmo com intuito de controlar ou tratar patologias é algo extremamente comum no público feminino. Essa realidade não é diferente em atletas, sendo que em uma auditoria realizada em 2018 com 430 atletas de elite foi constatado que 49% dessas mulheres utilizavam um método anticoncepcional hormonal. Associado a isso, sabemos que o ciclo hormonal feminino fisiológico é marcado por variações hormonais constantes, gerando picos e vales de progesterona e estrogênio ao longo dos dias. Estudos sugerem que essa variação hormonal seja capaz de gerar discretas alterações no desempenho de atletas, como por exemplo, diminuição desempenho aeróbico durante a fase lútea tardia e do desempenho anaeróbico na fase folicular tardia. Por outro lado, em mulheres que utilizam anticoncepcional oral, esses picos e vales hormonais fisiológicos são inibidos através de um feedback negativo realizado pela medicação. Diante dessa alteração hormonal surge a questão: O uso de anticoncepcional seria capaz de interferir no desempenho de atletas? Para responder essa pergunta Kirsty e colaboradores em sua metánalise avaliaram 42 estudos diferentes, com intuito de entender se as alterações hormonais geradas pela pílula seriam capazes de beneficiar ou prejudicar as atletas estudadas. O grupo de pesquisadores encontrou de um modo geral que a utilização do anticoncepcional hormonal age de forma negativa na performance esportiva. Acredita-se que isso se deva ao fato do uso de ACO suprimirem a produção endógena dos hormônios femininos, fazendo com que as concentrações de estradiol e progesterona endógenos se encontrem significativamente diminuídos quando comparadas com os níveis fisiológicos. Vale ressaltar que essas alterações de performance foram extremamente sutis, fazendo com que as implicações na realidade sejam tão pequenas a ponto de serem triviais e, portanto, não significativas para a maioria da população. Por outro lado, o uso de ACOs foi capaz de gerar um aumento substancial no desempenho esportivo de mulheres que sofriam de dismenorreia e hiper fluxo menstrual. Uma vez que inibindo a menstruação dessas mulheres com a utilização de anticoncepcional contínuo, o quadro clínico de dor e os desconfortos gerados pela menstruação foram solucionados, proporcionando melhora na performance. Diante disso, podemos concluir que o uso de ACOs pode ser capaz de interferir na performance esportiva, entretanto, pensando em nível populacional, essa alteração é tão sutil que passaria despercebido na maioria das mulheres. Por outro lado, em situações em que há a indicação clínica da medicação, o desempenho poderia ser inclusive aumentado. Sendo assim, mulheres que desejam alcançar uma alta performance devem realizar uma escolha pelo método a partir de uma avaliação conjunta com seu médico de confiança afim de discutirem os riscos e benefícios da medicação. Caso queira saber mais sobre o assunto, temos um texto completo sobre os efeitos do anticoncepcional no ganho de peso, basta clicar aqui! Referências: doi: 10.1007/s40279-020-01317-5. doi:  10.3390/ijerph18041667

Alopecia androgênica: Existe tratamento?

A alopecia androgênica é um distúrbio que consiste na perda de cabelo devido a ação do hormônio diidrotestosterona (DHT). O DHT é formado a partir da conversão da testosterona pela enzima 5 alfa redutase, sendo um processo fisiológico em nosso corpo. A partir disso, o hormônio atua entre outras coisas induzindo a miniaturização dos folículos capilares, gerando em última análise queda de cabelo progressiva. Essa conversão hormonal de testosterona em DHT é algo normal e fisiológico, tornando a alopecia androgênica uma doença extremamente comum, acometendo homens e mulheres, atingindo cerca de 58% dos homens acima dos 50 anos. Além disso, sabe-se que indivíduos pré-dispostos podem ter queda de cabelo acelerada quando em uso exógeno de testosterona, seja em TRT ou mesmo em uso de doses supra fisiológicas. A partir disso, sendo essa uma doença comum que apesar de benigna interfere na estética e autoestima masculina e feminina, estudar tratamentos efetivos para o tratamento dessa patologia se faz algo necessário. Pensando nisso, hoje vou te apresentar os resultados de 3 meta análises que avaliaram a eficácia de uma série de medicamentos no tratamento da alopecia androgênica. Uma série de medicamentos se provaram eficazes no tratamento da alopecia androgênica e o primeiro que falaremos aqui hoje é o uso tópico de Minoxidil 5% na população masculina e 2% na feminina.  Essa droga atua estimulando a microcirculação em torno do folículo piloso e com isso promove crescimento capilar. Outro grupo de drogas estudadas são os inibidores da enzima 5 alfa redutase como a finasterida e a dutasterida. Devido ao seu potencial de diminuir a conversão da testosterona em DHT, elas são capazes de atenuar a queda capilar. Além disso, estudos iniciais sugerem que o Saw Palmetto também seria capaz de diminuir a queda capilar pelos mesmos mecanismos fisiopatológicos já citados. Vale ressaltar que os inibidores da 5 alfa redutase podem ser utilizadas no tratamento selecionado de alguns pacientes que realizam o uso de testosterona e apresentam o quadro de alopecia androgênica, uma vez que auxiliaram na diminuição do DHT. Entretanto, é importante saber que eles se tornam ineficazes no tratamento em usuários de medicações derivadas do DHT, como oxandrolona, por exemplo, uma vez que essas medicações não são convertidas pela enzima 5 alfa redutase. Para finalizar, ainda existem estudos evidenciando uma série de outras terapias como eficazes, entre elas vale ressaltar a terapia a laser de baixo nível, injeção de plasma rico em plaquetas e ainda a medicação bimatoprost. A partir disso, observamos que o tratamento da alopecia androgênica pode ser realizado de diversas formas distintas. A escolha terapêutica deve ser realizada a partir de uma avaliação médica e discussão entre médico e pacientes dos riscos e benefícios entre cada uma dessas terapias. Referências: 10.1080/09546634.2020.1749547 10.1016/j.jaad.2017.02.054 10.1097/DSS.0000000000001894 10.1159/000509905

Você vai engordar se usar Anticoncepcional?

Essa é uma frase que toda mulher já escutou em algum momento! Entretanto, será que isso realmente ocorre? E se ocorre, quais são as razões para esse tipo de acontecimento? Para entendermos isso, primeiramente eu preciso te explicar quais substâncias podem fazer parte de um anticoncepcional oral combinado (ACO). Esse tipo de medicamente possui um estrogênio, geralmente o Etinilestradiol (EE), acompanhado de uma progestina. Essa progestina é rotineiramente sintetizada pela indústria farmacêutica a partir de 3 substratos principais: Testosterona, Progesterona e Aldosterona, sendo assim, existem diversas combinações de progestinas que podem acompanhar o EE. E é especialmente por conta disso que os efeitos colaterais podem variar tanto de um anticoncepcional para outro. Teoricamente, o EE possui um certo potencial glicocorticoide, auxiliando na retenção líquida e potencialmente gerando um leve aumento de peso. Entretanto, as progestinas, podem possuir os efeitos mais variados, atuando desde com um potencial androgênico, antiandrogênico, glicocorticoide a até mesmo uma ação antimineralocorticoide. Esse último, em teoria, auxiliaria inclusive na diminuição da retenção líquida, gerando em certo grau, perca de peso.  Após essa introdução baseada no mecanismo teórico, vamos para os estudos que avaliam o desfecho clínico desse tipo de medicação. Uma metanálise realizada por Maria Gallo e sua equipe avaliou estudos comparando mais de 52 métodos contraceptivos distintos e sua correlação com o peso. A conclusão do estudo foi que nenhum grande efeito dos ACOs sobre o peso, foi evidente. Quando analisamos subpopulações, como mulheres obesas, ou mesmo atletas por exemplo, os resultados são similares. Estudos duplo cego e randomizados realizados nessas subpopulações nos mostram que EE associado a Levonorgestrel não atuam na mudança de peso, composição corporal ou alteração de desempenho físico dessas mulheres. Por outro lado, existem evidências que certos anticoncepcionais podem sim interferir de forma leve no peso. Um estudo comparando a utilização de ACO com EE associado a Drospirenona (DRSP) vs Acetato de Clormadinona (CMA) mostrou que as mulheres que usaram CMA ganharam em média 1 kg e as que usaram DRSP perderam em média 0,4 kg após 6 semanas. Essa diferença em relação ao peso inicial pode ser dar devido a DRSP possuir uma ação antimineralocorticoide, a qual provavelmente auxiliou na diminuição da retenção líquida. Já o CMA possui ação inversa, aumentando a retenção líquida. A partir do apresentado, concluímos que em geral, ACO não está relacionado ao aumento de peso. Entretanto, é provável que certas medicações possam contribuir sim com aumento leve do peso, enquanto outras podem inclusive em certo grau contribuir com a sua redução. Sendo assim, torna-se claro que o mais adequado é escolha conjunta entre médico e paciente pela melhor combinação de ACO, a fim de se alcançar o resultado esperado com um menor nível de colaterais. Caso queira saber mais sobre o assunto, temos um texto completo sobre os efeitos do anticoncepcional no ganho de peso, basta clicar aqui! Referências DOI: 10.1089/jwh.2012.4241 10.1002/14651858.cd003987.pub5  doi:10.1055/a-0985-4373  https://doi.org/10.1080/13625187.2019.1688290

O nível da sua testosterona pode estar ligado ao aumento risco de desenvolvimento de Alzheimer ou Demência?

Nas últimas décadas a prevalência de Alzheimer e outros tipos de deficiência cognitiva vem aumentando ao redor do mundo. As causas envolvidas no desenvolvimento desse tipo de patologia são extremamente variadas, sendo que muitas ainda são desconhecidas. Associado a isso, atualmente sabemos que os hormônios sexuais possuem um efeito significativo na função cognitiva, especialmente em idosos. Associando essas informações, Wenshan e colaboradores se questionaram: “Baixos níveis plasmáticos de testosterona possuem relação com o desenvolvimento da doença de Alzheimer?” Para responder esse questionamento, o grupo de pesquisadores realizou uma meta-análise sobre o assunto. Para selecionar os artigos a serem estudados os pesquisadores filtraram por apenas estudos de Coorte prospectivo chegando a uma amostra de 5251 homens e 240 casos da doença. Os resultados encontrados nos sugerem que realmente baixos níveis de testosterona no plasma estão significativamente associados a um risco aumentado de Doença de Alzheimer em homens idosos, além de um maior risco de pior função cognitiva. Além disso, Zhang e colaboradores, de forma similar, analisaram através de outra meta-análise a correlação entre baixos níveis de testosterona e casos de demência em geral. Os resultados encontrados sugerem que níveis baixos de testosterona estão associados ao aumento de risco de demência por todas as causas. A partir desses estudos, fica evidente o papel da testosterona em níveis fisiológicos para manutenção não apenas da saúde osteomuscular, mas também da saúde mental do homem, especialmente idoso. Você já conhecia essas correlações? Comenta aqui embaixo o que achou! Referências Low Testosterone Level and Risk of Alzheimer’s Disease in the Elderly Men: a Systematic Review and Meta-AnalysisDOI: 10.1007/s12035-015-9315-y Testosterone and Cognitive Impairment or Dementia in Middle-Aged or Aging Males: Causation and Intervention, a Systematic Review and Meta-AnalysisDOI: 10.1177/0891988720933351

Tribulus Terrestris é Capaz de aumentar a testosterona?

A demanda por compostos naturais como alternativas para o aumento da testosterona vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Uma série de suplementos e fitoterápicos vem se popularizando no mercado sendo o Tribulus Terrestris um dos mais utilizados. Mas será que o Tribulus Terrestris realmente é eficaz em aumentar a testosterona? Para responder essa pergunta, precisamos analisar o que os artigos de maior evidência cientificam relatam a respeito disso. Uma metanálise realizada por Sha’ari e colaboradores veio para esclarecer o papel do Tribulus Terrestris nas mulheres. O grupo de pesquisadores concluiu, a partir da revisão de 20 estudos clínicos, que esse fitoterápico possui um efeito positivo na melhoria geral da função sexual feminina, sendo eficaz no aumentando do desejo sexual dessa população. Além disso, Borrelli e colaboradores realizaram uma meta análise a fim de compreender o papel do Tribulus Terrestris e outras ervas no homem, focando no papel desses fitoterápicos no tratamento da disfunção erétil. Entretanto, apenas dois estudos foram avaliados, chegando a resultados com baixo nível de evidência. A partir de um Trial com 172 homens, sugere-se que a utilização desse fitoterápico é superior ao placebo no tratamento da disfunção erétil. Apesar de poucos estudos analisando esse fitoterápico, podemos observar uma tendência de que o Tribulus Terrestris possui um potencial de aumento da libido. Mas e em relação a testosterona, o que as evidências nos mostram?  Para responder a essa pergunta, precisaremos recorrer aos poucos estudos duplos cegos e randomizados publicados até o momento. Um estudo piloto coordenado por Roaiah e colaboradores avaliou a utilização de 750mg/dia de Tribulus Terrestris em um grupo de 30 homens idosos com deficiência parcial de andrógenos. A partir disso, observou-se um aumento discreto nos níveis de testosterona total e livre, porém sem relevância significativa no aumento dos níveis de LH e FSH. Em contrapartida, outro Trial realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores, mas agora em 30 homens com infertilidade inexplicada, encontrou que a utilização do fitoterápico não interferiu nos níveis séricos de testosterona. A partir desse grupo de estudos, observamos que a utilização de Tribulus Terrestris para aumento de testosterona não é algo suportado pela literatura atual. Entretanto, isso não significa que esse fitoterápico não possa ter utilizações clínicas. O Tribulus Terrestris vem se mostrado eficaz no aumento da libido em certas situações, podendo ser empregado eventualmente em estratégias terapêuticas. Referências 10.1016 / j.phymed.2021.153760 (Beneficial effects of natural products on female sexual dysfunction: A systematic review and meta-analysis) 10.1007 / s40265-018-0897-3 (Herbal Dietary Supplements for Erectile Dysfunction: A Systematic Review and Meta-Analysis) 10.1080/0092623X.2015.1033579 (Pilot Study on the Effect of Botanical Medicine (Tribulus terrestris) on Serum Testosterone Level and Erectile Function in Aging Males With Partial Androgen Deficiency (PADAM)) 10.1080/19390211.2016.1188193 (Prospective Analysis on the Effect of Botanical Medicine (Tribulus terrestris) on Serum Testosterone Level and Semen Parameters in Males with Unexplained Infertility)

Reposição de Testosterona Aumenta o Risco Cardiovascular?

É fato que níveis baixos de testosterona estão diretamente correlacionados a uma série de distúrbios, como, por exemplo, síndrome metabólica, obesidade visceral e redução de massa muscular. A partir disso, a população com hipogonadismo rotineiramente apresenta também um maior risco cardiovascular (RCV). Associado a esse cenário, existe um grande misticismo em relação à utilização de testosterona gerar um aumento do risco cardiovascular. Sendo assim, surge a questão: A reposição de testosterona é segura em relação ao RCV? E mais, ela é capaz de aumentar ou diminuir esse risco em determinadas populações? Foi a essas perguntas que uma meta-análise publicada em 2018, na revista International Society for Sexual Medicine, tentou nos responder. O grupo de pesquisadores, após extensa análise, avaliou um total de 15 estudos farmacoepidemiológicos e 93 estudos randomizados, chegando a algumas conclusões interessantes. Ao se avaliar exclusivamente os estudos farmacoepidemiológicos, chegamos à conclusão de que a reposição de testosterona não seria apenas segura, mas também seria capaz de reduzir a mortalidade geral e morbidade cardiovascular. Ao avaliarem os estudos randomizados, a conclusão foi similar, mostrando que a reposição de testosterona é sim segura em relação ao risco cardiovascular. Entretanto, ela não se mostrou como fator protetor na população em geral. Esse achado é corroborado por um estudo recente do NEJM, randomizado e duplo cego, envolvendo 5246 homens com hipogonadismo e alto risco de doença cardiovascular, que examinou a segurança cardiovascular da terapia de reposição de testosterona. Os participantes receberam gel de testosterona ou placebo, com o objetivo principal de avaliar eventos cardiovasculares maiores. O tratamento médio foi de aproximadamente 22 meses, com seguimento médio de 33 meses. Os resultados mostraram que a terapia com testosterona não interferiu de com significância estatística no risco cardiovascular, sugerindo que a reposição de testosterona é sim segura, mas possivelmente não é capaz de diminuir risco cardiovascular, ao menos, em paciente com alto risco. Entretanto, um ponto interessante deve ser relatado. Ao se avaliar a segurança do uso crônico de níveis suprafisiológicos de testosterona, foi encontrado um aumento de risco cardiovascular. Sendo assim, a sobredosagem de testosterona deve ser cuidadosamente evitada, especialmente em populações de maior RCV. Referências DOI: 10.1016/j.jsxm.2018.04.641 DOI: 10.1056/NEJMoa2215025

A Relação Entre Diabetes Tipo 2 e Hipogonadismo: Uma Visão Abrangente

O diabetes mellitus do tipo 2 (DM 2) é uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo, estima-se que em 2021 havia uma prevalência global de diabetes mellitus em pessoas de 20 a 79 anos de cerca de 10,5% com potencial de aumento para 12,2% até 2045. Também em 2021, se estimou para o Brasil uma prevalência de 9,2% da população sendo diabética, variando de 6,3% no Norte a 12,8% no Sudeste (1,2). Já está bem estabelecido na literatura que a DM 2 está associada aos níveis de testosterona significativamente menores que na população geral(3–5). Associado a isso, estes pacientes apresentam benefícios ao serem submetidos a terapia de reposição de testosterona a qual permite a melhora de distúrbios metabólicos e sexuais, como melhora da disfunção erétil, aumento da libido, e melhora dos marcadores de risco cardiovascular, característicos no paciente diabético com diagnóstico de longa data (6–8). O que é o hipogonadismo? A produção de testosterona é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-testicular. Quando os níveis dessa hormona caem abaixo do padrão normal, especificamente menos de 346 ng/Dl, essa condição é denominada hipogonadismo. A redução da testosterona pode desencadear diversos sintomas, incluindo alterações sexuais, como disfunção erétil e perda de libido, bem como mudanças de humor, sintomas depressivos e decréscimo no desempenho físico (9,10). Tem sido chamado de andropausa a redução nos níveis e testosterona, principalmente quando associado a sinais ou sintomas, também chamado de deficiência androgênica do envelhecimento masculino (DAEM) ou hipogonadismo de aparecimento tardio (11). A Testosterona Total (TT) em sua maior parte (98%) circula no sangue ligada a proteínas séricas como o SHBG e a albumina, apenas 1-2% da TT se encontra livre de ligação das proteínas, sendo essa a fração livre e biodisponível do hormônio o marcador mais exato do hipogonadismo. O método de maior confiabilidade para dosagem da testosterona livre são os métodos de diálise de equilíbrio ou por ultracentrifugação, entretanto esse tipo de ensaio se encontra disponíveis apenas em laboratórios de referência ou em centros de pesquisa, sendo que o método de dosagem de testosterona livre por radioimunoensaio, amplamente utilizado pelos laboratórios clínicos, não fornece resultado preciso, não sendo, portanto, recomendado(12,13). Diante disso, quando avaliamos as recomendações das maiores sociedades médicas sobre o assunto, vemos que em sua maioria propõe que apenas a dosagem da TT fosse usada tanto para diagnóstico quanto durante o acompanhamento do hipogonadismo (14). O hipogonadismo masculino é uma condição que aumenta drasticamente a sua prevalência com o envelhecimento, entretanto, também pode afetar homens mais jovens. Segundo um Estudo longitudinal de envelhecimento em Baltimore, a prevalência de hipogonadismo atinge cerca de 12%, 19%, 28% e 49% dos homens com 50, 60, 70 e 80 anos respectivamente (15). Essa prevalência tende a praticamente dobrar quando avaliamos homens diabéticos, um estudo realizado na Jordânia comparando pacientes a prevalência do hipogonadismo entre pacientes com ou sem diabetes, encontrou respectivamente 39,1% e 17,2% de prevalência de hipogonadismo (4). Como é realizado o diagnóstico de Hipogonadismo? Múltiplos questionários foram elaborados a fim de servirem como testes de rastreio de hipogonadismo em homens mais velhos. Dentre esses questionários, um que ganha destaque é o questionário ADAM (Androgen Deficiency, in the Aging Male), um questionário com 10 perguntas que avalia sintomas comumente observados em homens com hipogonadismo. O questionário possui 88% de sensibilidade e 60% de especificidade em seu artigo original, já nos estudos que tentaram replicar o questionário original alcançaram alta sensibilidade (variando de 83,5 a 93,85) com especificidade de moderada a baixa (variando de 24,3 a 77,14%) (13,16–19). Os sintomas do Diabetes podem simular um hipogonadismo? Quando avaliamos o quadro clínico do Diabetes Mellitus do Tipo 2 (DM2) vemos que é uma patologia geralmente oligo sintomática, tendo como sintomas caraterísticos poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento. Entretanto, além desses sintomas, diminuição da libido, disfunção erétil, diminuição geral da energia e sintomas depressivos, apesar de inespecíficos, possuem prevalência aumentada nessa população, podendo gerar falsos positivos nos testes de rastreio de hipogonadismo (20–27). Conclusão Entendendo a complexidade da relação entre diabetes tipo 2 e hipogonadismo, é fundamental reconhecer que os questionários convencionais de triagem para hipogonadismo podem não ser totalmente adequados para pacientes diabéticos. Estes instrumentos podem falhar em capturar especificidades dessa população, destacando a necessidade de desenvolver métodos de triagem mais adaptados e específicos às particularidades dos diabéticos. Apesar dessas limitações na triagem, a ligação entre diabetes tipo 2 e hipogonadismo é inegável. Observa-se uma prevalência significativamente maior de hipogonadismo em pacientes diabéticos em comparação com a população geral. Esta associação sublinha a importância de considerar o hipogonadismo como parte da avaliação clínica em pacientes com diabetes. Além disso, o tratamento do hipogonadismo em pacientes diabéticos tem demonstrado benefícios clínicos e metabólicos. A terapia de reposição de testosterona, por exemplo, pode melhorar não apenas os sintomas do hipogonadismo, mas também contribuir para um melhor controle do diabetes. Esta abordagem integrada pode levar a uma melhoria significativa na qualidade de vida e nos resultados de saúde dos pacientes. Portanto, é essencial uma avaliação clínica cuidadosa e uma abordagem terapêutica personalizada para pacientes diabéticos com hipogonadismo, visando otimizar tanto o manejo do diabetes quanto o tratamento do hipogonadismo. A adoção de estratégias de triagem e tratamento mais específicas e eficazes para essa população é um passo crucial na melhoria dos cuidados de saúde. Referências Sun H, Saeedi P, Karuranga S, Pinkepank M, Ogurtsova K, Duncan BB, et al. IDF Diabetes Atlas: Global, regional and country-level diabetes prevalence estimates for 2021 and projections for 2045. Diabetes Res Clin Pract [Internet]. 2022 Jan 1 [cited 2023 Mar 24];183. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34879977/ 2.           Muzy J, Campos MR, Emmerick I, da Silva RS, de Andrade Schramm JM. Prevalence of diabetes mellitus and its complications and characterization of healthcare gaps based on triangulation of studies. Cad Saude Publica. 2021;37(5). 3.           Corona G, Vena W, Pizzocaro A, Vignozzi L, Sforza A, Maggi M. Testosterone therapy in diabetes and pre‐diabetes. Andrology [Internet]. 2022 Dec 29 [cited 2022 Dec 28]; Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/andr.13367 4.           Al Hayek AA, Khawaja NM, Khader YS, Jaffal SK, Ajlouni KM. The prevalence of Hypogonadism

Testosterona Possui Relação com a Depressão em Homens?

A depressão, considerada o mal do século XXI, representa um desafio crescente para a saúde pública no Brasil e no mundo. Com 54 em cada 1000 brasileiros diagnosticados com depressão, a busca por tratamentos eficazes é mais urgente do que nunca. Depressão no Brasil: Um Olhar Sobre as Estatísticas Atuais No Brasil, a prevalência da depressão tem mostrado um aumento preocupante, refletindo uma tendência global. O impacto desta doença na qualidade de vida dos indivíduos e na economia do país é imenso, exigindo uma atenção especial dos profissionais de saúde e dos formuladores de políticas públicas. Entendendo a Conexão entre Testosterona e Humor Recentemente, a ciência tem se voltado para a relação entre hormônios e saúde mental. A testosterona, um hormônio frequentemente associado a características masculinas, tem mostrado ter um papel significativo no humor e no comportamento. Alterações nos níveis de testosterona podem afetar o estado emocional, o apetite e a energia, influenciando assim a saúde mental. Diante dos resultados do estudo publicado no JAMA Psychiatry, que evidenciou uma associação significativa entre a terapia com testosterona e a redução dos sintomas depressivos, especialmente em homens com hipogonadismo, surge uma consideração clínica importante: a avaliação da presença de hipogonadismo em homens diagnosticados com depressão. O hipogonadismo, caracterizado pela redução ou ausência de produção de testosterona, pode manifestar sintomas que se sobrepõem aos da depressão, como alterações de humor, sintomas depressivos e decréscimo no desempenho físico, além de sintomas sexuais como disfunção erétil e perda de libido. Essa sobreposição sugere que a avaliação de hipogonadismo pode ser um passo crucial no tratamento de pacientes masculinos com depressão. Pesquisas conduzidas por autores como Snyder PJ e Bhasin S et al. ressaltam a frequente ocorrência de sintomas depressivos em homens diagnosticados com hipogonadismo. Esses estudos também apontam para os benefícios potenciais da terapia de reposição de testosterona em casos onde baixos níveis do hormônio são confirmados por exames laboratoriais e associados a sintomas depressivos.   Descobertas do Estudo do JAMA Psychiatry: Impacto da Testosterona Um estudo inovador publicado no JAMA Psychiatry analisou 27 ensaios clínicos randomizados controlados por placebo, incluindo 1890 homens, para avaliar a eficácia da testosterona no tratamento da depressão em pacientes masculinos. Os resultados revelaram que a terapia com testosterona está significativamente associada à redução dos sintomas depressivos, especialmente em indivíduos hipogonadais.   Implicações Clínicas e Futuras Pesquisas sobre Testosterona e Depressão Os autores do estudo concluíram que a testosterona pode ser uma adição valiosa no arsenal terapêutico contra a depressão. Contudo, é fundamental uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios, especialmente no caso de doses elevadas. Para mais informações sobre este estudo, consulte os artigos citados: DOI: 10.1001/jamapsychiatry.2018.2734. DOI: 10.1016/j.ecl.2022.04.001 DOI: 10.1210 / jc.2009-2354

Medicina Esportiva

O que é Medicina Esportiva? Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. História e Evolução da Medicina Esportiva Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. O que faz um médico do esporte? Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Prevenção de Lesões no Esporte Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Diagnóstico e Tratamento de Lesões Esportivas Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Nutrição e Suplementação no Esporte Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Melhoria de Performance no Esporte Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Emagrecimento através do Esporte e Exercício Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Qual a formação de um médico do esporte? Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Quem Pode se Beneficiar da Medicina Esportiva? Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Quais são os exames Complementares na Medicina Esportiva? Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo. Como Encontrar um Médico do Esporte e Exercício? Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.